A participação brasileira no comércio internacional de iogurte

Kennya Beatriz Siqueira - Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite - kennya@cnpgl.embrapa.br
Fabiano Vicente Figueira - Estudante de Engenharia de Agronegócios da Universidade Federal Fluminense


O iogurte, assim como os queijos, é um dos produtos lácteos cujo consumo tem apresentado taxas de crescimento constante. Este crescimento se deve principalmente à diversificação de sabores e aromas regionais. Além disso, a possibilidade de enriquecimento do produto com vitaminas e minerais, tem se adequado à tendência mundial de alimentos seguros e saudáveis.

De acordo com o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (SH) e com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), o iogurte, mesmo aromatizado ou adicionado de açúcar ou de outros edulcorantes, de frutas ou de cacau encontra-se na posição SH6-0403.10, enquanto os outros fermentados ou acidificados, que compreendem leitelho, leite, creme de leite, coalhados, quefir e outros leites e cremes de leite, fermentados ou acidificados, mesmo concentrados, adocicados ou aromatizados estão na posição SH6-0403.90.

Nos últimos anos, de acordo com os dados do Comtrade, o comércio internacional de iogurte superou o de outros fermentados e acidificados. Só em 2007, foram comercializados um total de US$ 3,4 bilhões desses produtos no mundo, sendo US$ 2,1 bilhões de iogurte e US$ 1,3 bilhão de outros fermentados e acidificados.

Apesar do Brasil não se destacar como grande player no comércio internacional de iogurte e leites e cremes de leite fermentados ou acidificados, os valores negociados nos últimos anos têm oscilado bastante. No entanto, em 2008, o Brasil surpreendeu com um saldo de US$ 3,9 milhões, ou seja, um crescimento de 568% em relação ao ano anterior, mesmo em meio à crise econômica mundial. O País destaca-se principalmente na exportação de outros fermentados ou acidificados, como mostra a Tabela 1.

Tabela 1. Importações (I) e exportações (E) brasileiras de iogurte e outros fermentados ou acidificados – US$ FOB.

Fonte: MDIC (2009).
Elaborado pelos autores.

A Tabela 1 indica que o Brasil cessou as importações de iogurte desde 2004 e as exportações desse produto também tem sido pequenas. Pode-se perceber que os anos de maior importação de iogurte foram 2000 e 2001. Neste período, o País comprou iogurte dos Estados Unidos, Uruguai, Chipre e Nova Zelândia. Em 2002, o Brasil importou iogurte apenas do Chipre e no ano seguinte apenas dos Estados Unidos.

As importações de outros fermentados ou acidificados permaneceram durante todo o período de análise. Entre os fornecedores destes produtos para o Brasil, deve-se ressaltar a Nova Zelândia. Entre 2003 e 2008, este foi o país que mais forneceu outros fermentados ou acidificados para o Brasil. Porém sua participação caiu de 98,8% em 2003 para 72,9% em 2008.

Outro país que se destaca nas exportações de outros fermentados ou acidificados para o Brasil é a Alemanha. Ao contrário da Nova Zelândia, a Alemanha apresentou parcela crescente de participação nas compras brasileiras. O país passou de uma participação de 1,2% em 2003 para 27,1% em 2008.

As exportações de iogurte brasileiro também não são muito diversificadas. Entre 2000 e 2008, o País exportou iogurte para apenas 10 países. Dentre os maiores compradores de iogurte do Brasil destacam-se os Estados Unidos. O país é o principal comprador de iogurte brasileiro, com exceção do ano de 2006, quando não comprou nada. Em 2007 e 2008, os Estados Unidos foram o único comprador de iogurte do Brasil.

As exportações brasileiras de outros fermentados ou acidificados movimentam quantias mais expressivas que o iogurte. Os principais compradores de outros fermentados ou acidificados brasileiro são países americanos, especialmente os parceiros do Mercosul. A Venezuela começou a comprar outros fermentados e acidificados do Brasil em 2006 e no ano seguinte já se tornou a maior compradora do Brasil.

Portanto, pode-se perceber que mesmo não sendo um grande importador ou exportador de iogurte e outros fermentados e acidificados, o Brasil tem ampliado sua participação no comércio internacional destes produtos.

 

Esta é a edição nº 35 do informativo eletrônico, Panorama do Leite, de 20 de outubro de 2009, uma publicação mensal de responsabilidade do Centro de Inteligência do Leite CILeite, criado em parceria entre a Embrapa Gado de Leite e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais – Seapa. Embrapa Gado de Leite – Chefe-geral: Duarte Vilela, Chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Rui da Silva Verneque, Chefe-adjunto de Comunicação e Negócios: Elizabeth Nogueira Fernandes e Chefe-adjunto de Administração: Antônio Vander Pereira. Editores: Kennya Beatriz Siqueira e Marcos Cicarini Hott. Coordenador de Jornalismo: Rubens Neiva. Redação: equipe técnica do CILeite. Colaboração: Pedro Gomide e Leonardo Gravina. Projeto gráfico: Marcella Avila.

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