|
Análise da sazonalidade da produção de leite no Brasil
Rosangela Zoccal e João Eustáquio C. de Miranda – Pesquisadores da Embrapa Gado de Leite |
O clima predominante no Brasil é o tropical, caracterizado por temperaturas elevadas e estações do ano bem definidas, com inverno seco e verão chuvoso. A escassez de chuvas no período da seca, conjugado com o frio nos meses de julho a agosto, são o principal causador da queda do volume de leite na entressafra, motivado principalmente pela redução da disponibilidade e qualidade nutricional das pastagens, o que exige suplementação do rebanho com volumoso e/ou concentrado.
As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste são as principais regiões produtoras de leite no país (Tabela 1). Especialmente nos estados de Minas Gerais, Goiás e São Paulo, o clima tropical é bastante característico, com verão quente e chuvoso e inverno seco. Esses períodos são caracterizados por abundância e escassez de forragem nas pastagens, que influenciam diretamente no volume de leite produzido, principalmente nos sistemas menos especializados, isto é, com menor preocupação com a alimentação do rebanho no período de seca. |
Tabela 1. Produção de leite no Brasil – 2007* |
||||||||||||||||||
|
||||||||||||||||||
*Estimativa da Embrapa Gado de Leite Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal Elaboração: Embrapa Gado de Leite |
||||||||||||||||||
A sazonalidade da produção de leite é tema de grande importância para o setor lácteo por suas implicações nos vários agentes presentes no sistema agroindustrial do leite, como os produtores rurais e as empresas processadoras de leite e derivados.
A sazonalidade afeta diretamente os produtores de leite pela redução de sua receita na época da entressafra devido a queda do volume de leite no período, ao mesmo tempo em que eleva os custos de produção, seja pela necessidade de oferecer ao gado volumoso suplementar (cana e uréia, silagem de milho, silagem de sorgo), seja pelo maior uso de concentrados e o maior gasto com mão-de-obra.
Os laticínios com oscilações do volume de leite captado, também apresentam problemas relacionados com ociosidade industrial, mão-de-obra empregada, regularidade no abastecimento do mercado e no planejamento estratégico de médio e longo prazo.
O presente artigo analisa a sazonalidade da produção de leite nacional tomando em consideração dados do IBGE da Pesquisa Trimestral do Leite. Vale ressaltar que esses dados são oriundos de estabelecimentos de leite e derivados que estão sob inspeção sanitária federal (SIF), estadual (SIE) ou municipal (SIM), que representam aproximadamente 65% do leite produzido no Brasil.
O cálculo da sazonalidade considerou a média mensal dos últimos seis anos, de 2002 a 2007 e a produção de leite do mês de maior volume em comparação ao mês de menor volume para todos os estados da Federação.
Os estados de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, São Paulo, Santa Catarina e Bahia são responsáveis por aproximadamente 80% da produção de leite do Brasil e são destacados na Figura 1. Podemos observar que a sazonalidade da produção varia entre as regiões do país. Entre os estados com maior volume de produção, São Paulo apresentou a menor sazonalidade. Em contrapartida, a Bahia foi o estado com maior sazonalidade, com diferença de 31,2% do mês de maior volume para o mês de menor volume de leite.
A menor sazonalidade em São Paulo pode ser explicada pelo maior uso de tecnologia na produção de leite, com muitos produtores adotando sistema de semi-confinamento, tanto no período de seca |
||||||||||||||||||
|
||||||||||||||||||
Fonte: IBGE - Pesquisa Trimestral do Leite Elaboração: Embrapa Gado de Leite |
||||||||||||||||||
Figura 1: Sazonalidade da produção de leite em sete estados, 2002 a 2007.
|
Esta é a edição nº 23 do informativo eletrônico, Panorama do Leite, de 10 de outubro de 2008, uma publicação mensal de responsabilidade do Centro de Inteligência do Leite CILeite, criado em parceria entre a Embrapa Gado de Leite e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais – Seapa. Embrapa Gado de Leite – Chefe-geral: Duarte Vilela, Chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Rui da Silva Verneque, Chefe-adjunto de Comunicação e Negócios: Carlos Eugênio Martins e Chefe-adjunto de Administração: Antônio Vander Pereira. Editora Geral: Rosangela Zoccal. Coordenador de Jornalismo: Rubens Neiva. Redação: equipe técnica do CILeite. Colaboração: Vanessa Maia A. de Magalhães. Projeto gráfico: Marcella Avila. Estagiárias: Milana Zamagno, Katyelen da Silva Costa e Rafael Junqueira. |
Para não receber mais este newsletter do Centro de Inteligência do Leite. Clique aqui |