Inovações no mercado de alimentos: reflexões e tendências

Lorildo A. Stock - Analista da Embrapa Gado de Leite
Maria G. P. Duarte - Bolsista, estudante de economia da UFJF


Sob a temática packed with value (Empacotamento com valor), o 4º Global Dairy Congress, realizado em abril de 2010 na Áustria, reuniu especialistas internacionais com o objetivo de discutir estratégias de mercado e de marketing que os produtos lácteos podem incorporar.

O leite é um produto com característica de ser consumido diariamente. Em países com tradição na produção de leite, nove em cada dez pessoas consome pelo menos um produto lácteo diariamente. O que o torna acessível para consumo diário é a baixa relação preço/renda.

O leite reflete a necessidade de alimento saudável?

Para o consumidor o leite é um produto que traz benefícios do ponto de vista nutricional, desde a melhoria na constituição óssea, prevenção à osteoporose, crescimento das crianças, e fortalecimento do sistema imunológico (Tabela 1). Isto demonstra que o leite é consumido pela credibilidade que o consumidor tem no produto, tornando-se desnecessário campanhas publicitárias mostrando a importância do produto.

No entanto, crises pelas quais passaram o setor, como os casos da melamina, da doença da vaca louca, e de organismos geneticamente modificados têm gerado desconfiança do consumidor.

Existe um limite de consumo per capita?

Existe consenso de que ainda não se atingiu o limite de consumo per capita. Acredita-se na existência de um produto certo para cada consumidor e na premissa de um equilíbrio entre menor quantidade e melhor qualidade.

A perspectiva de sucesso para inovações no mercado de produtos lácteos reside em três características: credibilidade, flexibilidade e preço acessível.

Quais são as expectativas futuras da indústria de alimentos no âmbito da saúde?

Os consumidores parecem interessados em obter mais informações em relação ao alimento que consomem, principalmente em relação à origem e composição dos produtos.

Produtos orgânicos ou de origem específica são opções para um grupo de consumidores diferenciados. Também está em expansão o mercado com perfil de consumo "anti indústria" que são os produtos ecológicos, chamados "verdes", naturais, caseiros ou "de raiz".

Pesquisas recentes nos Estados Unidos e na Alemanha indicam que, cada vez mais a atitude do consumidor em relação ao "o que e quando consumir" está associado ao bem estar e ao estilo de vida.

Também tem sido crescente a demanda por parte do consumidor para que a indústria de alimentos fique atenta ao problema da obesidade.

Mudanças no padrão de consumo de alimentos

Nos mercados de renda mais elevadas, as preferências do consumidor sinalizam na seguinte sequência: produtos lácteos com características funcionais, embalagem e conveniência, autenticidade e produtos naturais, saúde e bem estar e preço. Para o iogurte e bebidas, as indicações de preferência de consumo são para aspectos funcionais, sabor, e saúde.

Embalagens para alimentos

O plástico foi o elemento mais utilizado para embalagens, principalmente pela facilidade, porém, o seu uso tende a diminuir. A posição de consenso é a de que a indústria invariavelmente deverá assumir a responsabilidade sobre a poluição decorrente do tipo e forma das embalagens. Uma das alternativas será a reciclagem do material. Todavia, existe uma corrente que aponta para o desenvolvimento de embalagens biodegradáveis. Para estes últimos, a reciclagem é apenas paliativa, não alcançando o conceito de embalagem livre de elementos tóxicos ao meio ambiente.

A premissa é de que o consumidor, em princípio, não abre mão de aspectos como praticidade, fracionamento, etc. Os analistas consideram que a indústria de insumos e embalagens tem ainda um vasto campo de possibilidades em termos do desenvolvimento de materiais e desenho de embalagens e que isso deveria ser mais demandado pela indústria de alimentos em geral.

 

Esta é a edição nº 42 do informativo eletrônico, Panorama do Leite, de 19 de maio de 2010, uma publicação mensal de responsabilidade do Centro de Inteligência do Leite CILeite, criado em parceria entre a Embrapa Gado de Leite e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais – Seapa. Embrapa Gado de Leite – Chefe-geral: Duarte Vilela, Chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Rui da Silva Verneque, Chefe-adjunto de Comunicação e Negócios: Elizabeth Nogueira Fernandes e Chefe-adjunto de Administração: Antônio Vander Pereira. Editores: Kennya Beatriz Siqueira e Marcos Cicarini Hott. Coordenador de Jornalismo: Rubens Neiva. Redação: equipe técnica do CILeite. Colaboração: Pedro Gomide e Leonardo Gravina. Projeto gráfico: Marcella Avila.

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