A integração lavoura-pecuária-floresta e sua importância para o agronegócio brasileiro

Carlos Eugênio Martins - Pesquisador da Embrapa Gado de Leite
Victor Muiños Barroso Lima - Analista da Embrapa Gado de Leite
Marcos Cicarini Hott - Pesquisador da Embrapa Gado de Leite
Thiago Bellotti Furtado - Bolsista da Fapemig
Luiz Carlos Balbino - Pesquisador da Embrapa Transferência de Tecnologia


O preparo convencional do solo mediante aração e gradagem, seguido de práticas conservacionistas que minimizam a perda de solo pelo processo erosivo, pode ser substituído com vantagens pelo sistema de plantio direto, sem que haja revolvimento do solo pelas práticas de aração e gradagem. Para isto, há necessidade da cobertura vegetal que precede ao plantio, normalmente pastagens, seja dessecada, pelo uso de herbicidas promovendo sua morte, cobrindo o solo e protegendo-o dos efeitos danosos da erosão. Esta palhada remanescente ao se decompor, devolve ao solo os nutrientes extraídos pela pastagem, possibilitando por meio da decomposição e mineralização das raízes, a formação de muitos canalículos, responsáveis pela condução de água e nutrientes a camadas mais profundas do solo, além de aumentar a aeração do mesmo.

Aliado ao sistema de plantio direto, surge o sistema de integração lavoura-pecuária (iLP) e mais recentemente a integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF). Conceitualmente o sistema iLPF constitui-se na diversificação e rotação das atividades de agricultura, de pecuária e de floresta dentro da propriedade, constituindo um mesmo sistema, com benefícios para ambas. Resumidamente pode ser considerado como um sistema que potencializa o uso do solo. Seus principais objetivos são: Recuperar ou reformar pastagens degradadas; reduzir degradação do solo e quebrar ciclo da monocultura, de pragas e doenças; produzir pasto, forragem conservada e grãos para alimentação animal na estação seca, madeira e palha para o plantio direto; diminuir a dependência por insumos externos; aumentar a estabilidade de renda do produtor e reduzir os custos tanto da atividade agrícola quanto da pecuária, com impactos sobre a sustentabilidade no uso dos recursos naturais (menos erosão e melhor qualidade do solo e da água) bem como menor pressão para abertura de novas áreas, implicando na preservação de matas, flora e fauna.

Diante desta importante contribuição que a iLPF trás para o sistema solo-água-planta, a Embrapa, por meio de Embrapa Transferência de Tecnologia, implantou um programa "Transferência de tecnologias para sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta" em parceria com a Bünge e com a participação efetiva de 30 Unidades da Embrapa, contando com o apoio efetivo da Emater, Universidades e Instituições de Pesquisa de âmbito estadual. Este programa já implantou 192 Unidades de Referência Tecnológica (URT's), que tem como principal objetivo, avaliar o desempenho do sistema iLPF em várias Unidades da Federação.

Avaliando a Figura 1, observa-se que apenas os estados da Paraíba e do Tocantins é que não foram implantadas as URT's. Destaca-se o Estado do Rio Grande do Sul, com o maior número de URT's (78) implantadas e em funcionamento, seguido pelo estado de Minas Gerais (18).

Para visualização destes mapas e dos demais, gerados a partir do SiLPF (Sistema de informação para projetos de integração lavoura-pecuária-floresta), o leitor deverá entrar no site da Embrapa Gado de Leite (www.cnpgl.embrapa.br) e em seguida no link iLPF Banco de Dados, à esquerda da página. Dentro do sistema, os itens Procurar e Mapas dão informações detalhadas sobre o local de implantação, propriedade, responsável técnico, atividades desenvolvidas, eventos realizados, publicações, etc. de cada URT.

O trabalho desenvolvido no programa de "Transferência de tecnologias para sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta" vem consolidar a expectativa que envolve a importância sobre a sustentabilidade do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta para o agronegócio brasileiro.

 

Esta é a edição nº 43 do informativo eletrônico, Panorama do Leite, de 18 de junho de 2010, uma publicação mensal de responsabilidade do Centro de Inteligência do Leite CILeite. Embrapa Gado de Leite – Chefe-geral: Duarte Vilela, Chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Rui da Silva Verneque, Chefe-adjunto de Comunicação e Negócios: Elizabeth Nogueira Fernandes e Chefe-adjunto de Administração: Antônio Vander Pereira. Editores: Kennya Beatriz Siqueira e Marcos Cicarini Hott. Coordenador de Jornalismo: Rubens Neiva. Redação: equipe técnica do CILeite. Colaboração: Pedro Gomide e Leonardo Gravina. Projeto gráfico: Marcella Avila.

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