Marcadores Moleculares Aplicados ao Melhoramento Animal

Marcos Vinicius Gualberto Barbosa da Silva - Pesquisador da Embrapa Gado de Leite
Daisyléa de Souza Paiva - Estudante de Farmácia da UFJF
Isabela Fonseca - Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento – UFV
Fernanda de Mello - Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia - UFRGS
Marta Fonseca Martins Guimarães - Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite
Wagner Antônio Arbex - Pesquisador da Embrapa Gado de Leite


Nos últimos anos, com o avanço da Genética Molecular, novas alternativas de marcadores tornaram-se disponíveis. O advento das técnicas de Biologia Molecular permitiu a análise da variabilidade expressa fenotipicamente como reflexo da variabilidade genética de cada indivíduo, identificando pontos ao longo do genoma dos animais, tecnicamente denominados de marcadores moleculares. Definem-se como marcador molecular todo e qualquer fenótipo proveniente de um segmento específico de DNA, correspondente a regiões expressas ou não do genoma. O primeiro tipo de marcador molecular a ser amplamente utilizado foi o marcador isoenzimático, também conhecido como marcador bioquímico.

Existem diferentes tipos de marcadores: os marcadores morfológicos, por exemplo, são observados no último nível da expressão da característica. Foram os primeiros tipos de marcadores genéticos a serem utilizados, onde qualquer característica morfológica que revelasse a diferença genética entre dois indivíduos, e que fosse facilmente detectável e avaliável, seria um potencial marcador morfológico. A base genética desse marcador consiste na proximidade física dele com o gene que controla a característica; assim a seleção desse resulta na seleção indireta do gene de interesse.

A seleção por marcadores genéticos tem sido utilizada para o aprimoramento da seleção direcional de animais domésticos, pois permite a identificação e a seleção de animais mais produtivos, mais eficientes e saudáveis em idade precoce. Além disso, possui maior acurácia quando integrada às metodologias tradicionais do melhoramento genético. No Melhoramento Animal, atualmente, uma das estratégias mais usadas para a identificação de genes que controlam características de interesse é por meio de estudos de genes candidatos, os quais são genes de sequência e de ação biológica conhecida e que estão envolvidos com o desenvolvimento ou a fisiologia de determinada característica de interesse produtivo, onde as mutações espontâneas possam estar associadas à característica de interesse econômico.

Os principais tipos de marcadores moleculares funcionam utilizando o princípio de hibridização ou amplificação de DNA. Entre os identificados por hibridização estão os marcadores RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism). Diversas técnicas de Biologia Molecular estão hoje disponíveis para a detecção de polimorfismos genéticos que explicam a diversidade fenotípica observada nos animais. Do ponto de vista molecular, a variação genética denominada polimorfismo é o resultado de mudanças espontâneas no DNA genômico que podem ser mensuradas por meio de diferentes técnicas moleculares.

A integração efetiva de metodologias de marcadores moleculares no processo do melhoramento representa, ainda, o principal desafio da área. O emprego de técnicas de Genética Molecular começa a ocupar espaço nos modernos programas de melhoramento genético de bovinos leiteiros, como, por exemplo, no Teste de Progênie da raça Girolando coordenado pela Embrapa Gado de Leite e a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando.

Outro foco no estudo de marcadores moleculares na bovinocultura leiteira está relacionado com doenças autossomais recessivas. Touros jovens serão genotipados com marcadores moleculares para genes deletérios antes de entrarem no Teste de Progênie e assim diminuir a frequência dos alelos desfavoráveis na raça.

Embora a idéia de seleção tradicional seja aumentar a proporção de genes favoráveis na população, isto não é, de fato, observado nos métodos clássicos de avaliação genética. No entanto, o uso dos marcadores moleculares vem ao encontro dessa problemática evitando os empecilhos da avaliação de características complexas, fornecendo informações suficientemente corretas e mais precisas para analisar as características de interesse econômico nos animais. Esse objetivo poderá ser alcançado quando houver maior acurácia na estimação do valor genético das mães de touros mesmo com poucos dados fenotípicos próprios. A metodologia do uso de marcadores genéticos pode reduzir o custo para a cadeia produtiva de bovinocultura leiteira e aumentar a precisão na seleção de touros em Teste de Progênie.

 

Esta é a edição nº 44 do informativo eletrônico, Panorama do Leite, de 18 de julho de 2010, uma publicação mensal de responsabilidade do Centro de Inteligência do Leite CILeite. Embrapa Gado de Leite – Chefe-geral: Duarte Vilela, Chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Rui da Silva Verneque, Chefe-adjunto de Comunicação e Negócios: Elizabeth Nogueira Fernandes e Chefe-adjunto de Administração: Antônio Vander Pereira. Editores: Kennya Beatriz Siqueira e Marcos Cicarini Hott. Coordenador de Jornalismo: Rubens Neiva. Redação: equipe técnica do CILeite. Colaboração: Pedro Gomide e Leonardo Gravina. Projeto gráfico: Marcella Avila.

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