Geoprocessamento e gestão territorial na cadeia produtiva do leite

Marcos Cicarini Hott - Pesquisador da Embrapa Gado de Leite
Glauco Rodrigues Carvalho - Pesquisador da Embrapa Gado de Leite
Kennya Beatriz Siqueira - Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite
Letícia D'Agosto Miguel Fonseca - Bolsista FAPEMIG – Estagiária na Embrapa Gado de Leite
Roberto Carlos Nalon Souza - Bolsista FAPEMIG – Estagiário na Embrapa Gado de Leite


No âmbito do setor leiteiro são gerados milhares de dados e informações a partir de levantamentos e pesquisas realizados. Portanto, na tentativa de compreender como estão inter-relacionadas diversas variáveis associadas à cadeia do leite, procede-se a extração de informações estatísticas obtendo-se, por exemplo, média da produção de leite, queijo, rebanho ordenhado, produtividade, dentre outras variáveis, bem como qual é o consumo de leite e subprodutos por parte da população a partir de uma renda per capita previamente estimada, perfazendo centenas de resultados que subsidiam ações de planejamento e tomada de decisão. Todos os dados e informações tratados são geralmente estratificados ou agrupados por localidade geográfica, contudo, em grande parte das vezes, mantém-se o formato de tabelas para a organização de uma base de dados e resultados. Desta forma, a inserção da dimensão territorial aos resultados gráficos com a elaboração de mapas permite a agregação de novos conhecimentos, permitindo inclusive compreender a influência de outros fatores produtivos, sócio-econômicos, físicos e ambientais ligados ou correlacionados à produção de leite.

As tecnologias existentes atualmente de geoprocessamento possibilitam a construção de material cartográfico em nível analógico ou digital, oriundo de espacialização simples ou de cruzamento de informações, os quais atribuem inteligência ao processo de produção de informação gráfico-tabular. A partir de dados de satélite consegue-se explorar o meio físico representado por meio de imagens em escalas variadas, as quais atendem a diversos objetivos, gerando-se relevo, áreas desmatadas, plantadas, e apoiando a construção de cenários futuros para a agropecuária e feições relacionadas, tais como infraestrutura e avanço urbano.

A construção de sistemas de gestão territorial agropecuária é um ramo do geoprocessamento que visa o fornecimento de informações cartográficas e temáticas para subsídio à tomada de decisão no contexto da cadeia produtiva, em diversas perspectivas, usando Sistemas de Informações Geográficas (SIG). Com o SIG, por exemplo, é possível, a partir de imagens de satélite, realçar a vegetação de uma determinada região e separar o que é floresta ou agricultura. Usando a informação altimétrica é possível a construção de cenário tridimensional para algumas variáveis, assim como investigar quais as diferenças entre as diversas regiões estudadas e agrupar as porções territoriais semelhantes, para a tomada de ações diferenciadas em função de características abordadas em conjunto. De acordo com as características sócio-econômicas, ambientais e físicas das regiões pode-se classifica-las usando as ferramentas estatísticas do SIG e, deste modo, adotar medidas de manejo diferenciadas. Também com as informações organizadas no SIG pode-se produzir mapas temáticos de áreas de preservação permanentes (APP), hidrografia, vegetação, entre outros, os quais subsidiam o licenciamento ambiental e gerenciamento em geral, e também estimativas de produção ou de aplicação de insumos.

Em nível de macro escala, estadual ou nacional, a elaboração de sistemas de gestão territoriais propiciam a melhor caracterização das bacias leiteiras existentes, notadamente no Estado de Minas de Gerais, onde se encontram algumas das principais do país, e onde se tem um potencial significativo de intensificação da produção láctea. Com o mapeamento de alguns fatores relacionados a produção de leite consegue-se observar espacialmente a distribuição dos recursos e, com isso, pode-se planejar ações de melhoria nos investimentos e tecnificação do setor. Por meio do ferramental em geoprocessamento também se pode produzir mapas a respeito das divisões político-administrativas e espacialização da produção de leite (Figuras 1 e 2), o que apóia a tomada de decisão sobre políticas a serem adotadas para o setor, por exemplo. Os produtos de sensoriamento remoto, obtidos de satélites ou de aerolevantamentos, permitem uma rápida geração de informação tais como imagens (Figura 3) e modelos de terreno com feições do relevo (Figura 4), os quais podem ficar hospedados em sistemas de gestão territorial na internet para consultas, geração de outras informações e elaboração de projetos.

Com uma área de pastagem estimada em quase 2 milhões de km² (FAO, 2010), o Brasil é um dos maiores produtos de carne e leite do mundo, e pode se beneficiar sobremaneira das geotecnologias disponíveis para melhorar a gestão territorial dos recursos naturais e da produção leiteira. Com intuito de fornecer informações úteis na gestão de cadeias produtivas, sistemas GeoWeb são construídos para hospedar mapas digitais fruto de análise em geoprocessamento, assim possibilitando a visualização de aspectos relacionados à produção ao longo do espaço geográfico. Exemplo disso é o Sistema de Informação Territorial criado para gestão territorial da cadeia do leite, o qual contém uma série de grupos temáticos cartográficos para transmitir noção espacial inter-relacionada entre as diversas informações físico-ambientais, com o objetivo de explicar as variáveis e fatores da pecuária leiteira, produção de leite, vacas ordenhadas, pastagens e insumos. Isto é possível com a disposição de informações geográficas tais como estradas, hidrografia, divisão político-administrativa, e em breve relevo, uso das terras e indicadores sociais, os quais mantêm uma relação direta com a produção. Através da habilitação de mapas na legenda é possível visualizar, geograficamente, as feições e informações que estão superpostas (Figura 5). A solução em GeoWeb está disponível no link http://www.cileite.com.br/content/servidor-de-mapas no site do Centro de Inteligência do Leite, como também mapas temáticos sobre a produção de leite, vacas ordenhadas e produtividade para o Estado de Minas Gerais no link http://www.cileite.com.br/node/127 (exemplo na Figura 6), os quais demonstram, por exemplo, o aumento na produção de leite no Estado ao longo do tempo.

 

 

 

 

 

 

Esta é a edição nº 44 do informativo eletrônico, Panorama do Leite, de 18 de julho de 2010, uma publicação mensal de responsabilidade do Centro de Inteligência do Leite CILeite. Embrapa Gado de Leite – Chefe-geral: Duarte Vilela, Chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Rui da Silva Verneque, Chefe-adjunto de Comunicação e Negócios: Elizabeth Nogueira Fernandes e Chefe-adjunto de Administração: Antônio Vander Pereira. Editores: Kennya Beatriz Siqueira e Marcos Cicarini Hott. Coordenador de Jornalismo: Rubens Neiva. Redação: equipe técnica do CILeite. Colaboração: Pedro Gomide e Leonardo Gravina. Projeto gráfico: Marcella Avila.

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