Desempenho estadual das exportações brasileiras de lácteos: 2000 e 2007

Glauco Carvalho – Economista MSc, Pesquisador da Embrapa Gado de Leite – glauco@cnpgl.embrapa.br

Sarah Kirchmeyer Vieira, Estagiária da Embrapa Gado de Leite e estudante de economia das Faculdades Integradas Vianna Júnior

           O saldo da balança comercial brasileira de lácteos em 2007 foi de US$ 147,4 milhões, com exportações atingindo o recorde de US$ 298,9 milhões¹ . Minas Gerais foi o Estado que mais contribuiu para este resultado, exportando US$ 141 milhões e um saldo de US$132,7 milhões.

           Entre 2000 e 2007 alterações importantes aconteceram na balança de lácteos, já que o Brasil passou de importador líquido para exportador líquido. A principal delas foi à implantação no Brasil de uma política “anti-dumping” em 2001, que criou barreiras adicionais à importação de leite, além de ficar acertado com países do Mercosul um preço mínimo para as suas exportações. Este ganho institucional foi vital para estimular a produção e consolidar o processo de substituição de importações, sendo uma das explicações para o excepcional desempenho do setor ao longo desse milênio, em que o Real voltou a ser sobrevalorizado. Entre 2001 e 2006 enquanto o PIB brasileiro registrou crescimento médio de 3,1% ao ano, a produção de leite cresceu 4,1% ao ano, portanto acima do PIB nacional.

           Os cinco principais estados produtores de leite, detentores de 66% da produção nacional, foram responsáveis por 93,5% dos embarques em 2007. Essa mesma participação foi registrada no ano 2000, todavia com alterações expressivas no saldo comercial. Naquele ano, o Brasil registrou um déficit em lácteos em todos os principais estados produtores de leite. O maior déficit foi verificado em São Paulo, de US$ 172 milhões. No ano passado, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul apresentaram superávit comercial enquanto Paraná e São Paulo continuaram registrando déficit, porém em valores inferiores (Tabela 1).   

Tabela 1. Leite e derivados: balança comercial estadual (US$ mil)

           Em 2000, o Estado de São Paulo era o principal exportador de lácteos, com 41% do total embarcado. As vendas de queijos contribuíram com quase metade dos embarques paulistas, seguido por leite em pó e iogurtes. Minas Gerais e Paraná também tiveram presença relevante nas exportações. Estes três estados, em conjunto, exportaram 92,2% do total brasileiro. Alterações importantes podem ser verificadas na comparação com 2007, quando Minas Gerais passou a ocupar a primeira posição e com um diferencial bastante expressivo em relação aos demais. As exportações mineiras de lácteos responderam por cerca de 47,2% do total vendido pelo Brasil em 2007. São Paulo recuou para 18% do total e o Paraná participou com apenas 6%. Por outro lado, verifica-se expansão significativa das exportações de Goiás e, principalmente, do Rio Grande do Sul (Figura 1).

           No caso de Minas Gerais, o principal produto de exportação foi o leite em pó (NCM 0402), responsável por 77% do embarques em 2000 e 94% dos embarques em 2007. Em seguida, o produto mais exportado foi o queijo com 5% de participação em 2007 ante 23% em 2000. Portanto, o que se verifica são exportações mineiras concentradas em basicamente dois produtos, leite em pó e queijos.

           No âmbito das importações, o pouco que o estado importou em 2007 (5,6% do total brasileiro) foi de soro de leite (NCM 0404). Em menor escala houve compras também de leite em pó e queijos. O Estado de Minas Gerais importou cerca de US$ 7,8 milhões de soro de leite no ao passado, respondendo por 92,5% das importações estaduais de lácteos. Em relação a 2000, houve alteração na pauta de importações, já que as compras mineiras se concentravam em leite em pó, com 72,4% do total, seguido por soro de leite (16,2%), manteiga (7,8%) e queijos (3,6%).