Balança comercial do setor lácteo


Lúcio R. L. Sá Fortes – Economistas, M.Sc., Professor da Faculdades Integradas Vianna Júnior
Luciene Fonseca - Economistas, M.Sc., Professora da Faculdade Estácio de Sá

 

          

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) em fevereiro a balança comercial do setor lácteo apresentou um superávit de US$ 6,7 milhões (tabela 1)¹. As exportações somaram US$ 23,7 milhões que representou uma queda em relação ao mês de janeiro de 41% em valor, enquanto que a redução do volume foi de 46%. Por outro lado, as importações aumentaram 12% em valor enquanto que o volume importado ficou praticamente estável na comparação com o mês de janeiro. O saldo da balança comercial, acumulado em 12 meses, atingiu US$ 183,3 milhões em fevereiro de 2008, o que representa um acréscimo de 4% se comparado com o mês de janeiro desse ano (figura 1). 

 

Tabela 1. Balança comercial do setor lácteo*.

 

Mês

2007

Valor (US$ milhões) Volume (mil toneladas)
Exportação Importação Saldo Mês Exportação Importação Saldo Mês

JANEIRO

13,2

17,0

-3,8

7,1

9,0

-1,9

FEVEREIRO

14,7

14,6

0,0

7,0

7,5

-0,5

MARÇO

16,4

10,9

5,5

7,7

6,3

1,5

ABRIL

15,3

9,8

5,5

7,0

4,5

2,5

MAIO

19,3

9,4

9,9

7,7

4,6

3,1

JUNHO

12,5

7,3

5,2

4,9

3,1

1,8

JULHO

16,2

13,2

2,9

5,7

5,4

0,3

AGOSTO

27,2

11,1

16,1

9,0

4,4

4,6

SETEMBRO

17,4

14,7

2,7

5,5

5,5

0,0

OUTUBRO

39,0

21,5

17,5

12,3

7,3

4,9

NOVEMBRO

60,5

10,7

49,8

15,4

3,9

11,2

DEZEMBRO

47,0

11,1

35,9

14,6

3,7

10,9

TOTAL ANO

298,8

151,5

147,4

103,5

65,0

38,4

 

2008

JANEIRO

40,6

15,2

25,5

11,7

6,0

5,7

FEVEREIRO

23,7

17,0

6,7

6,3

5,8

0,5

TOTAL ANO

64,3

32,2

32,2

18,0

11,8

6,2

 

Fonte: Secex.
Elaboração: Embrapa Gado de Leite.
* Valores FOB expressos em milhões de dólares.

 

 

 

Fonte: Secex.
Elaboração: Embrapa Gado de Leite.
Figura 1: Saldo acumulado da balança comercial do setor lácteo nos últimos 12 meses (US$ milhões).

 

Em fevereiro, o principal produto exportado foi ‘Leite em pó’ representando 81% do montante total transacionado (figura 2 e tabela 2). Entretanto, esse produto apresentou uma sensível diminuição no total exportado se comparado com mês de janeiro. Em fevereiro as exportações de ‘Leite em pó’ totalizaram US$ 19,1 milhões o que representa uma queda de 33% em valor e 44% em volume na comparação com o mês anterior. Pelo lado das importações, o ‘Leite em pó’ foi também o principal produto importado. As importações desse produto representaram cerca de 57% do total importado no mês. Na comparação com o mês de janeiro houve um aumento 69% no valor importado e 75% no volume.

 

Tabela 2. Importação e exportação por produto no mês de fevereiro de 2008*.

 

Mês

2008

Valor (US$ milhões) Volume (mil toneladas)

FEVEREIRO

Exportação Importação Saldo Mês Exportação Importação Saldo Mês

Leite UHT

 115.585

 105.195

 10.390  

 59.155

 216.570

(157.415)

leite em pó

19.162.839

9.792.367

9.370.367  

5.024.845

2.109.300

2.915.545  

Creme de leite e iogurte

 428.597

 82.693 

 345.904  

 214.564

 18.000

 196.564  

Soro

1.050

5.204.446

(5.203.396)

300

3.154.980

(3.154.680)

Manteiga

993.850

253.955

739.895  

286.920

54.880

232.040  

Queijo e requeijão

2.521.395

1.512.933

1.008.462  

589.368

220.643

368.725  

Outros leites

479.779

68.853

410.926  

128.467

72.715

55.752  

 
Fonte: Secex.
Elaboração: Embrapa Gado de Leite.
* Valores FOB expressos em milhões de dólares.
 

 

 
Fonte: Secex.
Elaboração: Embrapa Gado de Leite.
Figura 2: Participação dos produtos lácteos nas exportações brasileiras (fevereiro/2008).
 

Por fim, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na décima terceira semana do ano, o preço do ‘Leite em pó’ na Oceania se manteve em US$ 4.750 por tonelada. O preço médio foi estável se comparado com a quinzena anterior. Na Europa houve ligeira alta no mesmo período, 0,3%, atingindo o patamar de US$ 4.612 por tonelada (preço médio). Assim, os preços internacionais do produto apesar da queda (quando se compara com o pico observado no segundo semestre de 2007 (figura 3) e os preços na Europa passaram dos US$ 5.000 por tonelada) ainda permanecem elevados.

 

Por enquanto, a manutenção dos preços internacionais de produtos lácteos em patamares elevados tem compensado os efeitos da valorização do real frente ao dólar. Cabe ressaltar que caso esse cenário mude, ou seja, os preços internacionais entrem numa trajetória de queda as exportações brasileiras podem ser prejudicadas. Tal cenário pode ser agravado pelos problemas enfrentados pela economia americana. Em função da crise das hipotecas de alto risco nos Estados Unidos, o Federal Reserve (banco central americano) tem reduzido sistematicamente a taxa de juros básica da economia (Fed Funds) que hoje se encontra em 2,25% ao ano e com tendência de baixa ainda maior. Por outro lado, no front interno, pressões inflacionárias podem fazer com que o Banco Central eleve ou, na melhor das hipóteses, mantenha o atual patamar da Selic (lembrando que a taxa hoje está em 11,25% ao ano). Assim, num cenário de redução de taxa de juros americanos com uma possível elevação da taxa de juros no Brasil, a ampliação do diferencial dos juros (internos e externos) pode levar a uma valorização ainda maior do real frente ao dólar. Em resumo: vale a pena ficar atento ao comportamento dos preços internacionais de produtos lácteos e também aos efeitos de uma eventual valorização ainda mais forte do real sobre as exportações dos produtos lácteos.

 

 

Fonte: USDA.
Elaboração: Embrapa Gado de Leite.
Figura 3: Evolução dos preços internacionais do ‘Leite em pó’ na Europa e Oceania, por semana.

 

[1] Na apuração do saldo balança comercial no mês de fevereiro utilizou-se além dos produtos lácteos relacionados no capítulo 4 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), dois produtos adicionais: ‘Leite Modificado para Alimentação de Crianças’ (19011010) e ‘Doce de Leite’ (19019020).

 

 

Esta é a edição nº 17 do informativo eletrônico, Panorama do Leite, de 4 de abril de 2008, uma publicação mensal de responsabilidade do Centro de Inteligência do Leite CILeite, criado em parceria entre a Embrapa Gado de Leite e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais – Seapa. Embrapa Gado de Leite – Chefe-geral: Paulo do Carmo Martins, Chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Pedro Braga Arcuri, Chefe-adjunto de Comunicação e Negócios: Marne Sidney de Paula Moreira e Chefe-adjunto de Administração: Luiz Fernando Portugal Silva. Editora Geral: Rosangela Zoccal. Coordenador de Jornalismo: Rubens Neiva. Redação: equipe técnica do CILeite. Colaboração: Vanessa Maia A. de Magalhães. Projeto gráfico: Marcella Avila. Estagiárias: Milana Zamagno e Katyelen da Silva Costa.

 

 

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