Balança comercial do setor lácteo

Lúcio R. L. Sá Fortes – Economistas, M.Sc., Professor da Faculdades Integradas Vianna Júnior
Luciene Fonseca - Economistas, M.Sc., Professora da Faculdade Estácio de Sá

A balança comercial do setor lácteo apresentou em março um superávit de US$ 18,9 milhões de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (tabela 1)¹ . As exportações somaram US$ 33,2 milhões que representou um aumento em relação ao mês de fevereiro de 40% em valor, enquanto que o aumento do volume foi de 48%. Por outro lado, as importações caíram 16% em valor enquanto que o volume importado caiu 5% na comparação com o mês de fevereiro.
No ano, o saldo acumulado da balança comercial é de US$ 51 milhões. No mesmo período do ano passado esse saldo foi de apenas US$ 1,8 milhão. Já o saldo acumulado em 12 meses atingiu US$ 196,6 milhões em março de 2008, o que representa um acréscimo de 7% se comparado com o mês de fevereiro desse ano (figura 1). 

Tabela 1. Balança comercial do setor lácteo*.

Fonte: Secex.
Elaboração: Embrapa Gado de Leite.
* Valores FOB expressos em milhões de dólares.

Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na décima sétima semana do ano, o preço médio do ‘leite em pó’ na Oceania foi de US$ 4.550 por tonelada (figura 2), que representa uma queda de 4% na comparação com o mês anterior. Na Europa, na comparação com o último mês, o mesmo produto apresentou queda de 1,3%, atingindo o patamar de US$ 4.550 por tonelada (preço médio). Vale ressaltar que, apesar da queda, os preços internacionais do ‘leite em pó’ ainda permanecem elevados.

Fonte: USDA.
Elaboração: Embrapa Gado de Leite.
Figura 2: Evolução dos preços internacionais do ‘Leite em pó’ na Europa e Oceania, por semana.

Apesar da ligeira redução dos preços internacionais dos produtos lácteos e a manutenção da taxa de câmbio valorizada, a balança comercial do setor vem apresentando, esse ano, um resultado bastante favorável. Na verdade, a recuperação do saldo da balança comercial começou a partir do segundo semestre de 2007 com forte aceleração no último trimestre do ano. Vale lembrar que a valorização da taxa de câmbio nos últimos 12 meses foi de 18%. Por outro lado, o preço médio dos produtos lácteos exportados subiu 69%, o que explica o forte crescimento das vendas externas mesmo num ambiente de forte apreciação cambial.

Por fim, o forte crescimento da demanda internacional por alimentos, inclusive por leite e derivados, parece sugerir que os preços internacionais dos produtos lácteos devem se manter em patamares elevados. Além disso, as elevações do preço do petróleo também podem se traduzir em elevação da demanda mundial por produtos lácteos. Pode-se citar, como exemplo dessa possibilidade, o comportamento das exportações brasileiras no ano de 2008. A figura 3 apresenta os maiores importadores de produtos lácteos brasileiros no ano. Cerca de um terço das vendas foram para Venezuela e Argélia, países com forte dependência das receitas obtidas por meio das vendas de petróleo.

[1] Na apuração do saldo balança comercial no mês de fevereiro utilizou-se além dos produtos lácteos relacionados no capítulo 4 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), dois produtos adicionais: ‘Leite Modificado para Alimentação de Crianças’ (19011010) e ‘Doce de Leite’ (19019020).