Balança comercial do setor lácteo

Lúcio R. L. Sá Fortes – Economistas, M.Sc., Professor da Faculdades Integradas Vianna Júnior
Luciene Fonseca - Economistas, M.Sc., Professora da Faculdade Estácio de Sá

A balança comercial do setor lácteo apresentou em abril o maior superávit do ano. As exportações superaram as importações gerando um superávit de US$ 37,2 milhões de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (tabela 1). As exportações somaram US$ 54,5 milhões que representou um aumento em relação ao mês de fevereiro de 64% em valor, enquanto que o aumento do volume foi de 66%. As importações também aumentaram no período. Em valor, em relação ao mês de março, as importações aumentaram 20%, enquanto o volume importado cresceu 14%. No ano, o saldo acumulado da balança comercial é de US$ 88,3 milhões. No período de janeiro a abril de 2007 o saldo acumulado no ano foi de apenas US$ 7 milhões. Já o saldo acumulado em 12 meses atingiu US$ 228,3 milhões em abril de 2008, o que representa um acréscimo de 16% se comparado com o mês de março desse ano (figura 1). 

Tabela 1. Balança comercial do setor lácteo*.

Fonte: Secex.
Elaboração: Embrapa Gado de Leite.
* Valores FOB expressos em milhões de dólares.

Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na vigésima primeira semana do ano, o preço médio do ‘leite em pó’ na Oceania foi de US$ 4.500 por tonelada (figura 2), mantendo-se estável na comparação com a semana anterior. Na Europa, na comparação com o último mês, o mesmo produto apresentou ligeira alta de 1,1%, atingindo o patamar de US$ 4.500 por tonelada (preço médio). Como pode ser visto na figura 2 os preços do leite em pó no mercado internacional tem se mantido relativamente estáveis ao longo do ano de 2008.

Fonte: USDA.
Elaboração: Embrapa Gado de Leite.
Figura 2: Evolução dos preços internacionais do ‘Leite em pó’ na Europa e Oceania.

A manutenção dos preços internacionais dos produtos lácteos em patamares elevados tem compensado os efeitos da valorização cambial de forma que o saldo da balança comercial no ano é bastante expressivo. Por outro lado, é preciso ficar atento a concentração das exportações brasileiras em países com ambientes institucionais incertos. Além disso, dos seis maiores importadores, três são membros da OPEP (Venezuela, Argélia e Angola) com forte dependência do petróleo para bom desempenho de suas economias. Dentre os principais destinos no ano cita-se em ordem de importância: Venezuela, Cuba, Argélia, Sudão, Senegal e Angola.

A Venezuela possui uma grande dependência econômica dos preços do petróleo. O cenário atua é de preços elevados dessa commodity o que deve impulsionar a economia do país no curto prazo. O FMI projeta um crescimento, em 2008, de 5,75% do PIB enquanto a população deve crescer 2%. Entretanto, o organismo internacional projeta que a partir de 2009 o crescimento venezuelano deve se desacelerar passando para 3,5% em 2009 e situando-se em torno de 2,2% até o ano de 2013 (Tabela 2).

Argélia é outro parceiro membro da OPEP, que segundo o FMI deve ter um crescimento com taxas relativamente estáveis. O crescimento econômico Argelino deve ser da ordem de 5% até o ano de 2013. No mesmo estudo o crescimento da população de ser de 1,5% ao ano. Já com relação a Angola, de acordo com o Fundo, devem ocorrer taxas de crescimento econômico expressivas até o ano de 2010 (taxas de crescimento acima de 11% ao ano), seguida de forte desaceleração a partir de 2011. Já o crescimento populacional deve ser de 3% ao ano até 2013.

Tabela 2. Taxa esperada de crescimento do PIB de países selecionados.

Fonte: Fundo Monetário Internacional
Elaboração: Embrapa Gado de Leite.

[1] Na apuração do saldo balança comercial no mês de março utilizou-se além dos produtos lácteos relacionados no capítulo 4 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), dois produtos adicionais: ‘Leite Modificado para Alimentação de Crianças’ (19011010) e ‘Doce de Leite’ (19019020).