Macaúba: co-produtos de biodiesel na alimentação animal

Heloísa Carneiro – Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite
heloisa@cnpgl.embrapa.br

Jisleny da Cruz PereiraEstagiária da Embrapa Gado de Leite


A palmeira Macaúba Acrocomia aculeata é uma espécie nativa das florestas tropicais, e se destaca por ser uma palmeira oleaginosa produtiva e adaptada a regiões semi-áridas. A macaúba é uma palmeira nativa das Américas, no Brasil ela ocorre praticamente todos os estados brasileiros e em maior abundância nos Estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O fruto da macaúba é globoso, liso, e de coloração marrom-amarelada quando maduro.

Da macaúba se aproveita praticamente tudo. O fruto é o produto economicamente mais representativo da palmeira. Quanto ao potencial alimentício, detecta se a alta porcentagem de B-carotenóide (590 UL/100 g), precursor da vitamina A, nos frutos maduros de macaúba. A polpa e as amêndoas produzem óleo de excelente qualidade tanto para a alimentação humana como para a indústria química na fabricação de cosméticos, ceras e biodiesel. As folhas são empregadas como forrageiras aos animais ou matéria-prima na obtenção de fibras destinadas à produção de linhas, cordas e redes. Do pecíolo das folhas, depois de separado em tiras, são feitos cestos, balaios e chapéus. O tronco é utilizado no meio rural para calhas, moirões, ou ripas e caibros para a construção de casas e paióis. O tegumento pode ser utilizado para fazer carvão, de alto poder calórico para uso em metalúrgicas, operações siderúrgicas, em função de sua composição química.

A macaúba tem possibilidade de se tornar à palmeira oleaginosa mais importante comercialmente no contexto brasileiro, pois seus frutos fornecem de 20 a 30% de óleo, 5% de farinha comestível e 35% de tortas forrageiras. O óleo da amêndoa é de cor clara. O mais importante de seus glicerídeos é o ácido láurico (cerca de 45%), seguindo-se o oléico (16%).

O fruto de macaúba se constitui no produto economicamente mais representativo da espécie. Dos frutos pode ser extraído o óleo, que atualmente vem sendo bastante visado para produção de biodiesel. No processo de extração do óleo são geradas grandes quantidades de biomassa residual e, o seu aproveitamento implica na redução dos custos finais do óleo vegetal. Por isso a necessidade de usar esses resíduos na alimentação de ruminantes.

Como os interesses por questões ambientais que permitam a redução de emissões de gases poluentes, vêm se tornando um motivo de extrema importância para pesquisadores, governos e para a sociedade em geral, a utilização de seus co-produtos como concentrado para a alimentação animal é estudado em várias instituições.

Na Tabela 1 apresenta dados bromatológicos dos dois resíduos de co-produto da macaúba: MS, PB, FDN, FDA, DIVMS, Cinza, Lignina, Celulose e análise da composição mineral, dos dois resíduos de co-produto da macaúba.

Depois da extração do óleo da amêndoa, a torta que sobra pode ser utilizada tanto na alimentação humana (fabricação de doce, tipo cocada) como na de animais. A aplicação mais simples é usar esse farelo como ração animal.

O farelo da amêndoa tem ótimo índice de proteína e pode ser utilizado na composição de rações para animais. A polpa, adocicada e suavemente aromática é muito apreciada pelas crianças, sendo também consumida em sua forma natural pelos ruminantes. Adicionalmente, a polpa pode ser usada diretamente ou como farinha na alimentação humana, sendo que a farinha só pode ser obtida dos frutos frescos.

Como ração animal, a polpa oleosa tem maior emprego na engorda de suínos. Além disso, a torta da polpa pode ser utilizada como adubo e combustível para caldeiras. Finalmente, a casca da macaúba pode servir como ração animal de alta qualidade. Estes co-produtos podem ser comparados a torta de algodão após a extração de óleos, pois resulta em grandes quantidades de biomassa residual rica em proteína com alta digestibilidade no caso do coco e moderada no caso do fruto.

 

 

Esta é a edição nº 29 do informativo eletrônico, Panorama do Leite, de 24 de abril de 2009, uma publicação mensal de responsabilidade do Centro de Inteligência do Leite CILeite, criado em parceria entre a Embrapa Gado de Leite e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais – Seapa. Embrapa Gado de Leite – Chefe-geral: Duarte Vilela, Chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Rui da Silva Verneque, Chefe-adjunto de Comunicação e Negócios: Carlos Eugênio Martins e Chefe-adjunto de Administração: Antônio Vander Pereira. Editora Geral: Rosangela Zoccal. Coordenador de Jornalismo: Rubens Neiva. Redação: equipe técnica do CILeite. Colaboração: Leonardo Gravina e Pedro Gomide. Projeto gráfico: Marcella Avila.

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