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Como transformar excedente do leite em boa fonte de renda:
Heloísa Carneiro - Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite - heloisa@cnpgl.embrapa.br |
Este artigo é o terceiro e último artigo preparado com base em estudos realizados pela pesquisadora Heloísa Carneiro, da Embrapa Gado de Leite (CNPGL), e sua estagiária Patrícia Valle Rodrigues, Técnica de Laticínios e bolsista do CNPq, que montaram um roteiro para o aumento da renda familiar de pequenos produtores de leite. Higiene é a garantia para o sucesso Para enfrentar os períodos de superoferta e também as crescentes exigências das indústrias de laticínios, uma saída é o processamento de leite na própria fazenda, visando eliminar despesas com transporte, refrigeração, e também, propiciar um aumento na rentabilidade com um investimento mínimo, fabricando, com qualidade, tradicionais produtos lácteos, tais como: queijo minas frescal, ricota, doce de leite e iogurte. A fabricação desses produtos não exige grandes recursos tecnológicos, contudo seu custo de produção varia com a tecnologia empregada. Nesta série de reportagens procura-se utilizar técnicas pouco onerosas, mas que garantam um produto de boa qualidade. É importante lembrar que a higiene é um aspecto fundamental diretamente ligada à produção e manuseio de alimentos. Irá influir diretamente na qualidade do produto final e no seu rendimento. Assim, para efeito de cálculos de custos foram empregados valores obtidos no mercado e em usinas de processamento de leite na região de Juiz de Fora. Porém estes valores variam bem de região para região (o leite, por exemplo, possui valores diversificados dependendo do comprador) e também para cada fornecedor de insumos usados na produção.
Renda nova com produtos milenares Alguns produtos de grande aceitação pelo mercado são facilmente produzidos na própria fazenda. O queijo Minas frescal é o mais tradicional produto lácteo mineiro, difundindo em todo o País. É um queijo de fácil processamento e com uma boa margem de lucro em virtude de uma alta rotatividade do produto. A Ricota tem origem italiana, fabricada a partir do soro fresco (subprodutos de outros queijos). Possui ótimo rendimento e baixíssimo custo. Ideal para gestantes, pessoas com problemas de níveis de colesterol e de hipertensão, e que não podem consumir outros tipos de queijos. Existem, hoje, no mercado, diferentes tipos de ricota: tradicional, prensada, salgada ou não, condimentada, e em vários tamanhos. RICOTA dribla a safra do leite; este produto que nasceu na Itália tem boa aceitação no Brasil e ajuda a escoar o excesso de produção. É melhor prevenir que remediar, diz o ditado popular. Vem à tona sempre na proximidade do período de maior produção de leite no ano, que normalmente ocorre de outubro a fevereiro, quando as chuvas chegam e torna os pastos aptos à nutrição do rebanho. Principalmente os pequenos produtores passam a participar do mercado, ou pelo menos tentam fazer isso. O resultado é oferta abundante e preço em queda para a matéria-prima. A fabricação de queijos é sempre uma saída interessante para o excesso de leite e nada melhor do que escolher produtos de grande consumo para facilitar o escoamento, em especial se o produtor for iniciante. A ricota é um dos destaques. Utensílios básicos - Para fabricar a ricota o primeiro passo é preparar os utensílios. Não são muitos. O criador precisará de um recipiente em aço inoxidável, uma fonte de calor (pode ser um fogão a gás), um agitador, formas plásticas, uma pá para coletar a ricota (escumadeira) e um termômetro com escala de -10 a 110°C (de mercúrio preferencialmente). Dez quilos exigem 200 litros de soro A fabricação de 10 quilos de ricota exige 200 litros de soro fresco, que não contenha sal ou corante. O soro é obtido por meio da produção do queijo frescal, por exemplo. O produtor deve usar também 20 litros de leite desnatado (opcional), 80 gramas de bicarbonato de sódio e 400 mililitros de vinagre. O soro fresco que surgiu a partir da fabricação de queijos deve ser coado e colocado no recipiente. Em seguida, aqueça lentamente. Quando atingir temperatura morna, adicione o bicarbonato (na dose indicada acima). Quando o soro atingir 65°C, adicionar o leite integral ou desnatado. Continue aquecendo o soro lentamente até 95°C. Pare então o aquecimento e adicione lentamente 400 ml de vinagre. Agora é hora de parar a agitação quando o soro começar a flocular (formar flocos). Espere 15 minutos e colete a massa com a pá ou escumadeira. Coloque nas formas. Espere esfriar e vire o queijo. Armazene em geladeira, em sacos plásticos fechados. A ricota, tradicionalmente, não contém sal e/ou condimentos. A adição destes é opcional e tem também muita aceitação no mercado. Obs: O valor para o litro de leite foi baseado previsão dos dados do Panorama do leite on line artigo do Dr. Alziro V. Carneiro e Jacqueline Dias Alves, artigo "Poder de Compra do leite". |
Esta é a edição nº 40 do informativo eletrônico, Panorama do Leite, de 19 de março de 2010, uma publicação mensal de responsabilidade do Centro de Inteligência do Leite CILeite, criado em parceria entre a Embrapa Gado de Leite e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais – Seapa. Embrapa Gado de Leite – Chefe-geral: Duarte Vilela, Chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Rui da Silva Verneque, Chefe-adjunto de Comunicação e Negócios: Elizabeth Nogueira Fernandes e Chefe-adjunto de Administração: Antônio Vander Pereira. Editores: Rosangela Zoccal e Glauco Carvalho. Coordenador de Jornalismo: Rubens Neiva. Redação: equipe técnica do CILeite. Colaboração: Pedro Gomide e Leonardo Gravina. Projeto gráfico: Marcella Avila. |
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