Situação da CCS em relação a IN51 em rebanhos da Região Sudeste.

 

Guilherme N. de Souza, José Renaldi F. Brito,
Cristiano G. de Faria, Luciano C. D. de Moraes, Leandro Rubiale
Pesquisadores e Técnicos da Embrapa Gado de Leite - gnsouza@cnpgl.embrapa.br

          

           O Laboratório de Qualidade do Leite (LQL) da Embrapa Gado de Leite, localizado em Juiz de Fora, MG, realiza análises em amostras de leite para a contagem de células somáticas (CCS) desde 1997 e atualmente faz parte da Rede Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do Leite (RBQL) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Durante o ano de 2007 foram analisadas 176.887 amostras para CCS, provenientes em sua maioria de rebanhos localizados nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.


           De acordo com a Instrução Normativa 51 (IN 51) do Mapa, a partir de julho de 2007 a CCS passou a ser requisito de qualidade e identidade do leite para todas as Regiões do Brasil. Os limites máximos estabelecidos para CCS em tanques de expansão individual com leite cru refrigerado inicialmente foram de 1.000.000 células/ml, com redução prevista para 750.000 e posteriormente 400.000. Neste artigo, o objetivo é mostrar o percentual de amostras de leite de rebanhos que atenderam os limites estabelecidos na IN51 durante o ano de 2007 e comparar com os anos de 2005 e 2006.


           Para as amostras analisadas em 2007, foi observado que 25% apresentaram valores iguais ou inferiores a 226.000 células/ml. Do total de amostras analisadas, 89.792 (50,8%) apresentaram valores inferiores a 400.000 células/ml. Este resultado mostra que aproximadamente 50% dos rebanhos estavam de acordo com o limite mais rígido da IN51 (Figura 1). Foi observado também que 80,4% do total de amostras analisadas apresentaram CCS inferiores a 750.000 e 88,9% inferiores a 1.000.000 células/ml.

 

 

           Figura 1: Percentual de amostras classificadas de acordo com os limites estabelecidos na IN51 para CCS (contagem de células somáticas)

 

          Os percentuais de amostras avaliados dentro dos limites estabelecidos na IN51 para os anos de 2005 e 2006, não apresentaram grandes diferenças. O que pode ser observado, durante o período, foi o aumento do número de rebanhos e conseqüentemente de amostras analisadas. Provavelmente esse fato decorreu da implantação da IN51 em julho de 2005, o que levou os laticínios, indústrias e estabelecimentos com inspeção federal a realizarem as análises previstas no leite. Apesar do número de amostras ter aumentado significativamente do ano de 2005 para 2007, os percentuais de amostras dentro dos limites estabelecidos na IN51 não sofreram grandes alterações (Tabela 1).

 

Tabela 1. Percentuais de amostras que atendem os limites estabelecidos na Instrução Normativa 51 provenientes de rebanhos bovinos localizados na Região Sudeste do Brasil, no período de 2005 a 2007.

 

CCS (x1.000 células/ml)

Ano

2005

2006

2007

Número de rebanhos 12.686 31.713 47.501
Amostras analisadas 38.514 151.751 176.887
400.000 50,0 52,1 50,8
750.000 78,4 80,4 80,4
1.000.000 93,4 88,6 88,9
 
          Observa-se que a tendência das médias de CCS no período mais seco (maio a outubro) geralmente apresenta valores inferiores em relação ao período mais chuvoso (novembro a abril) (Figura 2). A avaliação anterior foi realizada levando-se em consideração os períodos mais secos de cada ano (2005 a 2007).
 

 

           Figura 2: Variação média da contagem de células somáticas (CCS) de rebanhos bovinos localizados na

                               Região Sudeste, Brasil, de acordo com os meses do ano

              Fonte: Laboratório de Qualidade do Leite - Embrapa Gado de Leite

 

          Os resultados mostraram que não existem diferenças significativas entre os percentuais de rebanhos dentro dos limites da IN51 de acordo com o período do ano (Tabela 2). Atualmente em torno de 10% das amostras estão acima 1.000.000 células/ml, porém este valor deverá dobrar (20%) a partir de julho de 2008, com o limite reduzido para 750.000 células/ml. Caso não seja tomada alguma providência e os percentuais se mantenham com o passar dos anos, a partir de 2011, quando o limite será de 400.000 células/ml, aproximadamente 50% das amostras estarão superior a este limite. Estes dados sugerem que apesar da IN51 estar em vigor a 30 meses, não foi observado, por meio de análises laboratoriais, a melhoria da qualidade do leite no que diz respeito ao aumento do percentual de amostras dentro dos limites estabelecidos para CCS. Desta forma, a recomendação é que seja difundido e adotado um programa de controle e prevenção de mastite em rebanhos leiteiros, principalmente aqueles com altas CCS, para que estes atendam os limites mínimos de qualidade relacionados a CCS estabelecidos na IN51.

 

Tabela 2. Percentuais de amostras que atendem os limites estabelecidos na Instrução Normativa 51 de 2005 a 2007 de acordo com o período do ano provenientes de rebanhos bovinos localizados na Região Sudeste, Brasil

 

CCS (x1.000 células/ml)

Ano

2005

2006

2007

Período Seco* Período Chuvoso** Período Seco* Período Chuvoso** Período Seco* Período Chuvoso**
Amostras analisadas 31.668 16.846 87.385 64.366 92.687 84.200
400.000 52,8 46,9 53,5 50,3 51,4 50,0
750.000 79,8 76,5 80,9 79,1 81,3 79,3
1.000.000 91,4 89,1 89,0 88,1 89,7 88,1

  * Maio a outubro do respectivo ano;

  ** Janeiro a abril e novembro a dezembro do respectivo ano

 

 

Esta é a edição nº 15 do informativo eletrônico, Panorama do Leite, de 30 de janeiro de 2008, uma publicação mensal de responsabilidade do Centro de Inteligência do Leite CILeite, criado em parceria entre a Embrapa Gado de Leite e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais – Seapa. Embrapa Gado de Leite – Chefe-geral: Paulo do Carmo Martins, Chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Pedro Braga Arcuri, Chefe-adjunto de Comunicação e Negócios: Marne Sidney de Paula Moreira e Chefe-adjunto de Administração: Luiz Fernando Portugal Silva. Editora Geral: Rosangela Zoccal. Coordenador de Jornalismo: Rubens Neiva. Redação: equipe técnica do CILeite. Colaboração: Vanessa Maia A. de Magalhães. Projeto gráfico: Marcella Avila. Editoração eletrônica: Angela de Fátima A. Oliveira e Leonardo Fonseca. Estagiário: Milana Vidal Zamagno.

 

 

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