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Coleta e envio de amostras de leite para análise
Guilherme Nunes de Souza, Cristiano Gomes de Faria e Luciano Castro Dutra de Moraes |
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As análises laboratoriais para determinação dos teores de gordura, lactose, proteína e sólidos totais, e para a contagem de células somáticas (CCS) e a contagem total de bactérias (CTB) no leite são realizadas em pequenos volumes (amostras), em geral de aproximadamente 50 ml. As amostras de leite devem ser representativas do volume total de leite que se pretende avaliar. Esse volume pode ser de até 5.000 litros ou mais, e uma única amostra é utilizada para o exame. Por isso, alguns cuidados devem ser observados quando se pretende coletar e encaminhar amostras de leite para análise laboratorial. |
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Além da representatividade da amostra, outros fatores podem interferir nos resultados das análises e devem ser levados em consideração, como a facilidade de contaminação do leite, a multiplicação dos microrganismos em número suficiente para causar a deterioração em algumas horas. A contaminação ocorre em condições inadequadas de obtenção, armazenamento, coleta e transporte. A riqueza nutricional do leite o torna um meio ideal para a multiplicação microbiana. |
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As amostras devem ser coletadas em recipientes apropriados, limpos ou esterilizados, conforme o tipo de exame a ser realizado, e devem ser enviadas ao laboratório sob refrigeração (máximo 7 °C; idealmente, em torno de 4 °C). Os procedimentos de coleta e transporte de amostras devem ser padronizados, de acordo com normas aceitas internacionalmente, de modo que os resultados obtidos por diferentes laboratórios possam ser comparados entre si e utilizados pelos interessados (produtores, indústria e serviço de fiscalização).
A Instrução Normativa 51/2002 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) prevê a coleta mensal de pelo menos uma amostra de leite de cada rebanho, a qual será analisada pela Rede Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade de Leite (RBQL). A confiabilidade dos resultados das análises depende, em grande parte, da adoção de procedimentos estabelecidos para a coleta e transporte das amostras, sendo importante observar:
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A pessoa encarregada de coletar as amostras de leite deve:
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Em geral, a coleta de amostras para análise laboratorial é realizada sem aviso prévio. Dessa forma, evitam-se, mudanças dos procedimentos de rotina da ordenha e do armazenamento do leite, o que poderia comprometer a representatividade da amostra, uma vez que as análises não são realizadas diariamente. A coleta deverá ser feita na propriedade (fazenda) imediatamente antes do recolhimento do leite pelo transportador, seja o leite armazenado em tanque de expansão ou em latões.
Os frascos utilizados são, geralmente, de material plástico, com tampas rosqueáveis para vedar o material de maneira segura e evitar o vazamento do líquido e a contaminação do leite com água, poeira ou qualquer outro produto. Normalmente, os frascos e os conservantes são fornecidos pelo laboratório responsável pelas análises. Isso facilita e agiliza a rotina do laboratório, pois são usados frascos de tamanho e formato adequados para o uso nos equipamentos. Os frascos devem ser mantidos fora do alcance de crianças, em ambiente seco, ao abrigo da luz, e protegidos de qualquer contaminação. Só devem ser abertos no momento da coleta. Junto com os frascos são fornecidos os conservantes para serem adicionados as amostras no momento da coleta. |
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Os conservantes são usados para garantir que as amostras de leite mantenham sua integridade e características desde o momento da coleta até a realização da análise no laboratório. Há vários tipos de conservantes, os tóxicos devem ser manuseados com auxílio de luvas de látex (luvas cirúrgicas) e não devem entrar em contato com o leite destinado ao consumo. Os frascos usados devem ser abertos somente no momento da coleta e tampados imediatamente após a coleta da amostra. |
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Amostras de leite podem ser estocadas sem conservante por até 24 horas (tempo decorrido entre a ordenha e a análise no laboratório), desde que mantidas entre 2 e 6 oC. No caso de serem analisadas com mais de 24 horas após a ordenha, é necessário adicionar o conservante e deixá-lo atuar por, no mínimo, três horas antes da análise.
As amostras devem ser mantidas sob refrigeração desde a coleta até a entrega no laboratório. Apesar das restrições da Federação Internacional de Laticínios, para o tempo máximo decorrido entre a coleta e realização das análises (dois a cinco dias, dependendo da análise) foi observado que amostras de leite com os respectivos conservantes e mantidas até 7 °C não apresentaram diferenças significativas nos resultados obtidos para componentes, CCS e CTB ao longo de sete dias. Deve-se ter o cuidado de não congelar as amostras para evitar alterações nos resultados.
De acordo com o Mapa, as amostras de leite devem ser acondicionadas em caixas isotérmicas com gelo reciclável e a temperatura não deve ultrapassar os 7 °C no período compreendido entre a coleta de amostras e a realização das análises no laboratório (máximo de 96 horas).
Normalmente o laboratório cadastra os clientes e encaminha etiquetas com código de barras para facilitar a identificação das amostras. Nesses casos, as etiquetas devem ser colocadas nos frascos. Quando isso não é possível, ou quando é a primeira vez que são enviadas para análise, é necessário preencher um formulário, com informações como nome e endereço do solicitante, data de coleta, data de envio e número de amostras a serem analisadas, listagem das amostras/produtor, bem como o tipo de exames a serem realizados. |
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Os frascos e equipamentos ou utensílios (conchas, copos coletores e baldes) usados para a coleta devem ser protegidos de contaminação antes e durante o uso. Estes utensílios devem ser higienizados com detergente alcalino clorado (130 ppm de cloro), ou álcool etílico 70 °GL após o uso.
A coleta de amostra do leite do tanque requer agitação suficiente para promover a homogeneização adequada dos componentes do leite |
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(gordura, proteína e lactose), evitando-se alterações das leituras, que se devem pela tendência de acúmulo dos glóbulos de gordura na superfície do tanque. Esses glóbulos carreiam células somáticas e bactérias e caso o leite não seja bem homogeneizado, e a coleta seja feita apenas da superfície do leite, os resultados ficarão alterados. Em estabelecimentos com tanque de expansão direta para resfriamento do leite recomenda-se, antes de coletar as amostras:
A coleta de amostras de leite de latões devem seguir os seguintes procedimentos:
Todas as amostras encaminhadas ao laboratório devem ser acompanhadas de uma ficha com os seguintes dados:
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Esta é a edição nº 17 do informativo eletrônico, Panorama do Leite, de 4 de abril de 2008, uma publicação mensal de responsabilidade do Centro de Inteligência do Leite CILeite, criado em parceria entre a Embrapa Gado de Leite e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais – Seapa. Embrapa Gado de Leite – Chefe-geral: Paulo do Carmo Martins, Chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Pedro Braga Arcuri, Chefe-adjunto de Comunicação e Negócios: Marne Sidney de Paula Moreira e Chefe-adjunto de Administração: Luiz Fernando Portugal Silva. Editora Geral: Rosangela Zoccal. Coordenador de Jornalismo: Rubens Neiva. Redação: equipe técnica do CILeite. Colaboração: Vanessa Maia A. de Magalhães. Projeto gráfico: Marcella Avila. Estagiárias: Milana Zamagno e Katyelen da Silva Costa. |
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