Áreas de concentração da pecuária leiteira


Rosangela Zoccal – Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite; Homero Chaib Filho – Pesquiador da Embrapa Cerrados e Fernando L. Garagorry – Embrapa Sede- SGE. mailto:rzoccal@cnpgl.embrapa.br
 

          

A produção total de leite, em 2006, foi estimada em 25,7 bilhões de litros. Gerou um valor bruto da produção aproximado em R$ 12,1 bilhões (CNA). No setor primário envolveu cerca de cinco milhões de pessoas, considerando, também, os 1,3 milhão de produtores de leite. A importância da pecuária de leite no desempenho econômico e na geração de emprego no Brasil é incontestável.

 

Duas características são marcantes na atividade leiteira. A primeira é que a produção ocorre em todo o território nacional. Existe indicativo de produção de leite em 554 microrregiões das 558 consideradas pelo IBGE. A segunda característica marcante é que não existe um padrão de produção, a heterogeneidade dos sistemas de produção é muito grande e ocorre em todas as Unidades da Federação. Há propriedades de subsistência, utilizando técnicas rudimentares e produção diária menor que dez litros, até produtores comparáveis aos mais competitivos do mundo, usando tecnologias avançadas e com produção diária superior a 60 mil litros.
 

Apesar da grande dispersão da produção e da heterogeneidade dos sistemas de produção, existem áreas de concentração da produção de leite. O conhecimento destas áreas é importante para a definição de políticas públicas de infra-estrutura, logística e análise de viabilidade de projetos de desenvolvimento regional e setorial. São relevantes também, para o estabelecimento de estratégias de vigilância sanitária, rastreabilidade, avaliação de risco geográfico de doenças e estudos de dinâmica do setor agropecuário.
 

Neste artigo as áreas de concentração da pecuária leiteira foram identificadas utilizando informações oriundas da base de dados publicadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE/ Pesquisa da Pecuária Municipal. Foi estimado, para cada microrregião, o volume de leite produzido referente ao ano de 2006. A classificação das microrregiões foi realizada com base em um índice de densidade, calculado pelo volume de leite produzido por km2, isto é, a quantidade de leite produzido por área, expresso em litros de leite por km2. Posteriormente, selecionaram-se as microrregiões de acordo com o índice e separaram-se em quatro grupos, de forma que cada grupo reunisse aproximadamente 25% da produção total de leite do País.
 

O primeiro grupo de microrregiões, com índice médio entre 24 e 89 mil litros de leite/km², produziu aproximadamente 25% da produção nacional, agrupou 36 microrregiões (6.5% do total), de um total de 558 (Tabela 1). Estas microrregiões são as mais produtivas do Brasil e estão localizadas principalmente no Estado de Minas Gerais e no oeste dos estados da Região Sul. O segundo grupo, com 52 microrregiões, teve média de produção variando entre 16 e 23 mil litros de leite/km². As 88 microrregiões (15.8% do total) responderam por 50% da produção de leite nacional (12,8 bilhões de litros/ano).
 

As microrregiões com maior produção de leite por área, e que juntas totalizaram 50% do volume total de leite, foram agrupadas em dez zonas de concentração, de acordo com a proximidade geográfica (Tabela 2 e Figura 1), tornando possível visualizar as áreas de maior concentração da produção de leite no Brasil.
A Região Sul concentrou o maior número de microrregiões com alta densidade de produção de leite por área. A Zona 1, que abrange o Norte do Rio Grande do Sul, Oeste de Santa Catarina, e Sudoeste do Paraná, produz anualmente 4,3 bilhões de litros de leite e ocupa uma área de 109 mil km2.
 

No Sudeste, localiza-se outra grande região produtora de leite, que foi separada em três áreas de concentração: Zona 2 que reúne o Centro-Sul de Minas Gerais, Leste e Norte do Vale do Paraíba em São Paulo e Sudoeste do Rio de Janeiro. Esta zona abrange 170 mil km2 e produziu 4,1 bilhões de litros de leite por ano. A Zona 3, localizada na Zona da Mata de Minas Gerais, norte do Rio de Janeiro e sul do Espírito Santo, ocupa 48 mil km2 e produziu 1,1 bilhão de litros de leite por ano.
 

A região Centro-sul de Goiás representa a Zona 4, com 51 mil km2 e produção anual de 1 bilhão de litros. Na Zona 5 foram agrupadas as microrregiões do Triângulo Mineiro e Noroeste de São Paulo com 35 mil km2 e 702 milhões de litros.

 

Outras áreas de concentração de produção, Zona 6 e Zona 7, localizaram-se no Nordeste (Estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe), com 579 milhões de litros e em Rondônia, no norte do País, com 435 milhões de litros por ano. A Zona 8, situada na região de Ponta Grossa no Paraná, produz 253 milhões de litros.
Rio do Sul e Ituporanga, em Santa Catarina, são microrregiões que se destacaram na produção de leite, configurando a Zona 9, com 106 milhões de litros de leite anualmente. Duas microrregiões, Mantena em Minas Gerais e Barra de São Francisco no Espírito Santo, que fazem parte do grupo com maior densidade de produção de leite, formam a Zona 10, com produção anual de 102 milhões de litros e área de 5.8 mil km2. 
 

Mesmo com o indicativo de produção de leite em todo o território nacional, existem áreas/regiões de maior concentração da atividade, como foi mostrado na Figura 1. Vale lembrar que no computo da produção de leite e área das microrregiões separadas em zonas não foram consideradas as microrregiões do terceiro e quarto grupo, com menor densidade de produção, mas que, juntas, dão origem aos outros 50% da produção brasileira.
 

 

                         Fig. 1. Zonas de maior densidade de produção de leite,  por microrregiões, no Brasil, 2006.            

 

 

Esta é a edição nº 10, do informativo eletrônico, Panorama do Leite de 03 de Setembro de 2007,  uma publicação mensal de responsabilidade do Centro de Inteligência do Leite CILeite, criado em parceria entre a Embrapa Gado de Leite e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais Seapa. Embrapa Gado de Leite Chefe-geral: Paulo do Carmo Martins, Chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Pedro Braga Arcuri, Chefe-adjunto de Comunicação e Negócios: Marne Sidney de Paula Moreira e Chefe-adjunto de Administração: Luiz Fernando Portugal Silva. Editora Geral:Rosangela Zoccal. Coordenador de Jornalismo: Rubens Neiva. Redação: equipe técnica do CILeite. Estagiária: Lidiane Medeiros Santos. Colaboração: Vanessa Maia A. de Magalhães  Projeto Gráfico: Marcella Avila. Editoração eletrônica: Leonardo Fonseca. Estagiário: Rafael Junqueira.

 

 

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