A Indústria de laticínio no Estado de Minas Gerais


Rafael Villela B. Junqueira
– Técnico em Laticínios, Estagiário da Embrapa Gado de Leite, estudante da Faculdade de Administração Machado Sobrinho
Rosangela Zoccal – Zootecnista, Msc, Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite - rzoccal@cnpgl.embrapa.br

 

O Brasil é um dos maiores produtores de leite do mundo, ocupa o sexto lugar, segundo dados da FAO, com volume aproximado de 25,3 bilhões de kg/ano conforme mostrado na Tabela 1. A produção nacional é, praticamente, o dobro da produção da Nova Zelândia (14,5 bilhões kg/ano) e mais que o triplo da produção da Argentina (8,1 bilhões kg/ano), que são considerados referências e importantes players no mercado mundial por serem grandes exportadores de lácteos. A Argentina, cuja produção de leite é pouco superior à produção do estado de Minas Gerais, é o principal exportador de produtos lácteos para o Brasil.

 

Tabela 1: Maiores produtores de leite do mundo - 2006.

 

País Produção de leite em bilhões de kg/ano

Estados Unidos

82,5

Índia

39,8

China

32,2

Rússia

31,1

Alemanha

28,5

Brasil

25,3

França

24,2

Reino Unido

14,6

Nova Zelândia

14,5

Ucrânia

13,0
Fonte: FAO.

 

O estado de Minas Gerais ocupa posição de destaque na pecuária brasileira. Conforme a Figura 1, Minas Gerais vem ao longo dos anos produzindo aproximadamente 30% de todo o leite nacional. Em 2006, produziu 7,18 bilhões de litros, representando 28% do volume total produzido no Brasil. Existem no Brasil 1.680 estabelecimentos de leite e derivados atendidos pelo Serviço de Inspeção Federal - SIF e registrados no DILEI/DIPOA/MAPA. Deste total, 36% estão localizados em Minas Gerais, sendo 59% deles fábricas de laticínios e 21% usinas de beneficiamento, conforme debatemos no Panorama do Leite 9. Além destes estabelecimentos existem, no Estado, outros 227 atendidos pelo Serviço de Inspeção Estadual - SIE, que recebem e processam leite.

 

Fonte: IBGE (Pesquisa Pecuária Municipal)

(*) Estimativa Embrapa Gado de leite/CNA/CBCL

Fig 1. Produção de leite no Brasil e em Minas Gerais, 2006.

 

Neste artigo, apresentaremos algumas características das indústrias de laticínios mineira, que possui desde fábricas com capacidade de processamento superior a 1 milhão de litros por dia, até pequenos laticínios com mão de obra de origem familiar e capacidade de processamento inferior a 2 mil litros por dia.

 

Esse estudo foi baseado nos dados de 289 estabelecimentos de leite e derivados, que representam 47% do total dos laticínios mineiros com SIF. As empresas foram divididas em 4 grupos, classificadas de acordo com a capacidade de processamento instalada. Na figura 2, observa-se que em 49% dos laticínios localizados no estado, a capacidade de processamento instalada é menor que dez mil litros/dia. Os laticínios com capacidade entre 10 a 50 mil litros representam 28% do total, e as empresas com capacidade diária entre 50 a 200 mil litros representam 17%. As grandes empresas, cuja capacidade de processamento diária é superior a 200 mil litros, representam 6% do total dos estabelecimentos de leite e derivados.

 

Fig 2. Capacidade de processamento dos laticínios de Minas Gerais, 2007.

 

A taxa de ociosidade verificada nos laticínios mineiros é algo revelador. Em média, eles operam com 75% da capacidade instalada no período da safra de produção, que são os meses de outubro a março, e no período da entressafra, meses de abril a setembro, a taxa de ociosidade média é de aproximadamente 44% da capacidade instalada (Figura 3). Os estabelecimentos de menor porte, com capacidade de até 50 mil litros/dia, apresentam uma alta taxa de ociosidade no período da entressafra, aproximadamente 50%, contudo, as empresas maiores, por possuírem maior poder de compra, conseguem reduzir a ociosidade, com conseqüência, reduzindo o custo fixo unitário, corroborando com uma margem de rentabilidade maior no processo de industrialização do leite. Podemos observar que no futuro, os laticínios de menor porte para se manterem competitivos, deverão se fortalecer através de fusões e/ou parcerias visando aumentar seu poder de compra e a rentabilidade do negócio.

 

Fig 3. Capacidade de processamento ociosa dos laticínios - MG, 2007.

 

Outro fator importante, relacionado aos estabelecimentos de laticínios, é o volume médio de leite entregue pelos produtores rurais. Em média, os produtores entregam aos laticínios, um volume 25% maior na safra, quando comparada com o período de entressafra. Existe uma tendência dos produtores com maior volume de produção entregarem sua produção aos laticínios com maior capacidade de processamento, conforme na Figura 4. As indústrias, com capacidade de até dez mil litros, apresentam média de recepção de leite por produtor de 103 litros/dia na safra e 79 litros/dia na entressafra, enquanto que nos laticínios com processamento maior que 200 mil litros/dia, a média por produtor é de 366 litros/dia na safra e 300 litros/dia na entressafra.

 

Fig. 4. Média de recepção de leite por produtor rural de acordo com a capacidade do laticínio - Minas Gerais, 2007.

 

Dentre os derivados lácteos, o queijo foi o produto com maior participação no portfólio das empresas, demonstrando a importância desse tradicional alimento para o desenvolvimento da indústria mineira de laticínios. De 60% a 70% dos laticínios pesquisados, com capacidade de processamento inferior a 200 mil litros/dia, fabricam algum tipo de queijo. Nas empresas com maior capacidade instalada, os iogurtes e as sobremesas lácteas aparecem de forma mais freqüente, quando comparados com laticínios menores.

 

Fig. 5. Produção de derivados lácteos nos laticínios de Minas Gerais, 2007.

Esta é a edição nº 13 do informativo eletrônico, Panorama do Leite, de 7 de dezembro de 2007, uma publicação mensal de responsabilidade do Centro de Inteligência do Leite CILeite, criado em parceria entre a Embrapa Gado de Leite e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais – Seapa. Embrapa Gado de Leite – Chefe-geral: Paulo do Carmo Martins, Chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Pedro Braga Arcuri, Chefe-adjunto de Comunicação e Negócios: Marne Sidney de Paula Moreira e Chefe-adjunto de Administração: Luiz Fernando Portugal Silva. Editora Geral: Rosangela Zoccal. Coordenador de Jornalismo: Rubens Neiva. Redação: equipe técnica do CILeite. Colaboração: Vanessa Maia A. de Magalhães. Projeto gráfico: Marcella Avila. Editoração eletrônica: Angela de Fátima A. Oliveira e Leonardo Fonseca. Estagiário: Rafael Junqueira.

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