Técnica de produção - Produção e Conservação de Forragens

Aditivos na ensilagem: quando e como usar

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Duarte Vilela
Embrapa Gado de Leite

Uma característica das forrageiras de clima tropical é o contraste que apresentam entre valor nutritivo, influenciado pelo ambiente ou por peculiaridades da própria planta, e a produção por unidade de área. Considerando que grande parte das forrageiras concentra sua produção anual no período chuvoso e que seu crescimento acumulado leva à redução de seu valor nutritivo, uma alternativa é manter esta forragem conservada na forma de silagem, para alimentação do rebanho no período seco do ano.

Durante o armazenamento da forrageira no silo, poderão ocorrer fermentações indesejáveis, comprometendo a qualidade da silagem, assim como podem ocorrer elevadas perdas de nutrientes da planta ensilada. Muitos produtos têm sido comercializados e utilizados como aditivos na ensilagem de milho, de sorgo ou mesmo dos capins, com diferentes prop6sitos.

ADITIVOS

São produtos comerciais ou não, que, aplicados à forrageira no momento da ensilagem, podem reduzir perdas de nutrientes, estimular ou inibir fermentações, ou ainda interagir no valor nutritivo da planta originalmente ensilada.

QUANDO UTILIZAR ADITIVOS

A recomendação de se utilizar aditivos deve estar associada com a espécie forrageira a ser ensilada e com o sistema de alimentação dos animais na propriedade. Antes de decidir pela utilização de um aditivo, deve-se questionar se:

• o seu custo é menor que o valor da silagem inaproveitada sem a sua aplicação;

• proporciona fermentação mais eficiente;

• permite silagem de maior valor energético e/ou protéico; e

• é de fácil aplicação e não deixa resíduos tóxicos.

Qualidade da produção e produtividade, desafios permanentes para o produtor de leite.



Mesmo não sendo aditivo, o pré-murchamento é feito após o corte da planta, deixando-a exposta ao sol antes de ensilar. Este manejo tem como objetivo reduzir o teor de umidade da planta.

ALGUNS ADITIVOS UTILIZADOS

• Uréia adubo ou uréia alimento - promove o enriquecimento do nitrog6nio na silagem e favorece a fermentac5o da planta do milho ou sorgo ensilado. Recomendam-se 5 kg por tonelada de material ensilado, com distribuição uniforme para evitar intoxicação. Não é recomendado o uso de uréia na ensilagem de capim-elefante, a não ser que antes seja reduzido o teor de umidade da planta para 50 a 55 %.

• Melaço - pode contribuir para  o aumento de açúcares solúveis na fermentação no silo e pode melhorar a aceitação da silagem de capim. Contudo, os resultados de pesquisa são contraditórios, e devido à dificuldade de manuseio, disponibilidade regional e custo, não tem sido recomendado o seu uso.

• Calcário - favorece  a  produção  de ácido lático  e melhora  a  palatabilidade.   Quando  utilizado,  sugere-se adicionar 5 a 10 kg por  tonelada de silagem.
• Raspa de mandioca - por ter elevada concentração de amido e este ser de baixa fermentação no silo, seu uso tem pouca aplicação na ensilagem de forrageiras tropicais como o capim-elefante.

• Concentrados  -  fubá de milho, farelo de soja, milho desintegrado com palha e sabugo, entre outros, não devem ser utilizados, uma vez que nenhum resultado de pesquisa até o momento apresentou uma relação custo-benefício favorável que recomende seu uso.  A preferência  ainda é a utilização na suplementação das silagens durante a alimentação.

• Cana-de-açúcar - pouco  recomendada, mesmo na ensilagem de capim, pois contribui pouco no aumento da matéria seca e ainda reduz o conteúdo de proteína bruta da massa ensilada.

• Sal comum - por ser inibidor da fermentação, deve-se ter cautela ao recomendado na ensilagem de capim-elefante que normalmente necessita de estimulantes de fermentação.

•  Polpa cítrica  desidratada - de  fácil aquisição e manipulação, possui elevado teor  de açúcar  e de matéria seca, boa palatabilidade, alto valor nutritivo e elevada capacidade de reter água. Dependendo do seu custo, utilizar 100 kg por tonelada de forragem ensilada de capim-elefante.

Deve-se ressaltar que, para  se obter  uma  silagem de boa qualidade e nutritiva, seja de milho, sorgo ou capins, é mais importante o manejo que se aplicará à planta a ser ensilada, como época de corte, tamanho de partículas, compactação do silo, do que propriamente a escolha de aditivos que possam melhorar a silagem. Em outras palavras, nenhum aditivo oferece bom resultado quando o manejo da planta para ensilar é inadequado.