Técnica de produção - Nutrição e Alimentação Animal

Soro de queijo in natura: utilização

Enviar por email
A-   A+
Rosane Scatambudo Lizieire - Pesagro-Rio
Orlei Fajardo de Campos -
Embrapa Gado de Leite

INTRODUÇÃO

O soro de queijo é um subproduto da indústria laticinista, obtido pela coagulação do leite e redução do pH. É um líquido verde-amarelo e sabor ligeiramente ácido ou doce, dependendo do tipo de coagulação a que o leite foi submetido. O soro doce (pH = 6,0), mais aceito pelos animais, é obtido após a preparação dos queijos tipo cheddar e mozzarella e o soro ácido (pH =4,6) é obtido após a preparação dos queijos tipo cottage. Em razão da grande disponibilidade do soro de queijo in natura, e de seu oferecimento gratuito ou a baixo preço (em torno de R$0,01 por litro, colocado na indústria), muitos produtores pensam em utilizá-lo na alimentação do gado leiteiro.

COMPOSIÇÃO

O soro de queijo é constituído basicamente de água (93%) e somente 7% de matéria seca (parte sólida), da qual 71% são lactose, 10% são proteína bruta (PB), 12% são gordura e 11% são sais minerais. O valor energético do soro de queijo é estimado em 80% de nutrientes digestíveis totais (NDT), na matéria seca.


CONSUMO PELOS ANIMAIS
• Bezerros em aleitamento: o soro não deve substituir o leite ou o sucedâneo de leite. Ele não contém os nutrientes necessários, principalmente proteína, para garantir sozinho o desenvolvimento dos animais nesta fase.

• Animais até 200 kg de peso vivo: a quantidade fornecida deve ser limitada entre 10 a 15 litros de soro por animal por dia.

• Animais com peso vivo maior que 200 kg: o soro deve ser fornecido até, no máximo, 30% do consumo total de matéria seca do animal. Níveis superiores reduzem o consumo de matéria seca devido ao enchimento do trato intestinal, prejudicando o ganho de peso de animais em recria e a produção de leite, no caso de vacas em lactação.

COMO FORNECÊ-LO

• separadamente, à livre escolha dos animais, método este mais amplamente utilizado pelos produtores, ou

• em rações completas (misturado aos alimentos volumosos e concentrados).

PERÍODO DE ADAPTAÇÃO

Os animais necessitam de um período de adaptação, com duração de uma a duas semanas, com aumento gradativo da quantidade oferecida de soro, para evitar diarréias e timpanismo. A introdução gradativa do soro permite que a microflora do rúmen se ajuste a este novo alimento. Uma vez adaptados, os animais chegam a consumir cerca de 2/3 de seu consumo de água como soro. Entretanto, se o fornecimento de soro for interrompido por periodo prolongado, faz-se necessária nova adaptação. A utilização de soro não implica eliminação do fornecimento de água, ao contrario, ela deverá estar sempre disponível para todos os animais.

ALGUNS PROBLEMAS

• É um produto corrosivo; se armazenado, necessita recipiente adequado, que deve ser limpo freqüentemente.

• O soro pode tornar-se mais ácido (pH = 3,5) e menos palatável após 1,5 a 2 dias de armazenamento.

• Diarréias e timpanismo podem ocorrer, se os animais consumirem grandes quantidades em curto espaço de tempo ou se não estiverem consunindo quantidades adequadas de volumoso.


RECOMENDAÇÕES

• O aspecto econômico é muito importante e tem que ser considerado. Deve-se comparar o soro de queiio com o concentrado em uso na propriedade. Com base na composição do soro de queijo apresentada, ao consumir dez litros de soro, o animal estará ingerindo 70 g de PB e 800 g de NDT. Comparado a 1 kg de concentrado, com 18% de PB e 75% de NDT. por exemplo, que propiciaria ingestões de 180 g de PB e 750 g de NDT. conclui-se que os dez litros de soro de queiio in natura precisariam ser suplementados com uma fonte de proteina. Poder-se-ia utilizar, neste caso, 50 g de uréia ou 250 g de farelo de soja, para cada dez litros de soro. A questão a ser respondida é: o custo dos dez litros de soro mais 50 g de ureia, ou 250 g de farelo de soja, seria mais barato que o custo de 1 kg de concentrado com 18% de PB e 75% de NDT? Nestes cálculos ainda tem de ser incluidos os custos com transporte, armazenamento e mão-de-obra para, então, se obter a definição do custo final do soro de queijo.

• O ideal é fornecê-lo fresco até, no máximo, dois dias após a chegada.

• O fornecimento deve ser regular e ininterrupto.

• soro de queijo não pode ser utilizado como substituto do leite na alimentação de bezerros. nos dois primeiros meses de vida.

O SORO DO QUEIJO NÃO PODE SER UTILIZADO COMO SUBSTITUTO DO LEITE NA ALIMENTAÇÃO DE BEZERROS, NOS DOIS PRIMEIROS MESES DE VIDA.