Antonio Vander Pereira e Antonio Carlos Cóser
Embrapa Gado de Leite
Milhares de espécies de plantas forrageiras são conhecidas e um grande número encontra-se à disposição dos produtores, tornando difícil o processo de escolha. Constantemente, novas cultivares são lançadas no mercado, deixando o produtor em dúvida se deve ou não substituir as forrageiras em uso. A substituição de uma forrageira por outra normalmente ocorre quando o produtor encontra-se insatisfeito com a produtividade da sua pastagem. Entretanto, esta decisão exige que se faça um balanço comparativo entre as vantagens e desvantagens proporcionadas pela troca ou manutenção da forrageira em utilização.
As novas variedades podem apresentar algumas características atrativas, como maior produtividade, boa qualidade, resistência a pragas e doenças, palatabilidade, rusticidade etc. Contudo, deve-se considerar que a maioria das forrageiras é perene e que tanto o estabelecimento como a erradicação de uma pastagem constituem operações difíceis e de custo elevado.
Nem sempre a melhoria da produtividade e da qualidade é conseguida pela troca da forrageira em uso por uma nova cultivar. Algumas forrageiras são muito exigentes em relação a clima, solo, fertilidade e manejo, com o seu cultivo deixando de ser recomendado para sistemas de produção que utilizam baixo nível tecnológico. Muitas vezes, a melhoria do manejo do solo e da planta, por meio do uso de práticas culturais como preparo do solo e adubação, é suficiente para proporcionar ganhos em produtividade.
Por outro lado, o produtor deve estar atento para as novas variedades, certificando-se das reais vantagens que elas apresentam. Diversos programas de melhoramento de forrageiras têm desenvolvido novas variedades mais produtivas e com melhor qualidade. Muitas destas variedades constituem um avanço genético considerável em relação às cultivares tradicionais, sendo capazes de promover um aumento substancial na produtividade leiteira.
QUANDO TROCAR UMA FORRAGEIRA?Esta é uma decisão difícil de ser tomada. Alguns indicadores, entretanto, podem auxiliar os produtores nesse processo de definição. A primeira medida a ser tomada é fazer uma análise comparativa das vantagens e desvantagens de cada forrageira, reduzindo, dessa maneira, o risco de um futuro fracasso.
Características, como produtividade elevada, qualidade, persistência, resistência às pragas, distribuição mais uniforme da produção ao longo do ano, palatabilidade, rusticidade e baixa exigência em fertilidade, formam um conjunto de fatores desejáveis em uma forrageira, porém dificilmente serão encontradas em uma única variedade.
Em muitas situações, a baixa produtividade da pastagem está mais ligada ao manejo inadequado e à falta de adubação de manutenção do que propriamente ao baixo potencial da forrageira. Assim, quando a recuperação essa pastagem ainda é possível, práticas culturais, como a vedação, o replantio das áreas falhadas, a adubação, entre outras alternativas, podem produzir resultados mais rápidos e consistentes que a própria substituição da pastagem.
Quando a pastagem se encontra em processo avançado de degradação, com o predomínio de invasoras e, consequentemente, apresentando baixa capacidade de suporte, a solução é estabelecer uma nova pastagem. Neste caso, o produtor deve decidir pela introdução de uma forrageira que, comprovadamente, seja mais produtiva, de melhor qualidade, adaptada à região e de fácil manejo. Informações adicionais sobre disponibilidade, qualidade e quantidade necessária de sementes ou mudas, sistema de plantio, adubação, manejo, persistência, tolerância ao pastejo, entre outras características, são importantes para orientar a escolha.
QUAL FORRAGEIRA PLANTAR?Qual a melhor forrageira? Não existe uma forrageira completa capaz de satisfazer todas as exigências de produção e qualidade. Assim, a escolha da forrageira a ser implantada deve ser feita considerando-se as condições e necessidades de cada propriedade e as vantagens e desvantagens que cada espécie ou variedade oferece. Não existe, portanto, uma única resposta, sendo muitas as alternativas disponíveis (braquiárias, Panicum, Paspa/um, setária, capim-elefante, capim-estrela, coast-cross, andropógon, Tifton etc.).
Considerando a existência de diferentes tipos de solo e condições de topografia dentro da propriedade, deve-se escolher espécies ou variedades adaptadas para cada parte do relevo. Normalmente, as áreas de baixada e de meia-encosta apresentam maior fertilidade natural, devendo ser cultivadas com espécies mais exigentes, de maior capacidade de produção e qualidade, como, por exemplo, coast-cross, Panicum e capim-elefante. Para as áreas de baixada, com problemas de encharcamento, deve-se escolher espécies forrageiras tolerantes a essas condições, como setária, capim-angola e canarana. Nas áreas de declive mais acentuado, de menor fertilidade natural ou de maior risco de erosão, deve-se preferir forrageiras mais rústicas e que cubram mais rapidamente o solo, podendo ser usadas as braquiárias.
São muitas as opções, mas é preciso conhecer as exigências, a adaptação e o manejo requerido para cada forrageira. Dessa forma, para áreas de pastejo extensivo ou muito declivosas, solos de baixa fertilidade ou de manejo deficiente, deve-se plantar forrageiras mais rústicas, persistentes, de propagação rápida e com boa capacidade de produção de sementes. Para produtores interessados na intensificação da produção, por meio da utilização de insumos e manejo controlado, recomenda-se a utilização de forrageiras que apresentem alto potencial de produção e elevada qualidade.
Finalmente, é importante relembrar que a implantação de uma pastagem apresenta custo elevado e que a maioria das espécies é perene. Assim, para evitar fracassos decorrentes de uma troca desnecessária, por ocasião do estabelecimento de uma nova forrageira na propriedade, o produtor deve buscar informações técnicas confiáveis e desvinculadas de interesse puramente comercial.
Tecnologia: o caminho certo para produzir mais leite, durante todo o ano.
Enviar por email