Técnica de produção - Pastagens

Coast-cross: plantio e pastejo

Enviar por email
A-   A+
Duarte Vilela
Embrapa Gado de Leite

Nas principais bacias leiteiras do Brasil existem extensas áreas com relevo piano ou levemente ondulado sendo normalmente pouco utilizadas. Essas áreas, potencialmente férteis, retém a umidade no solo ou permitem a irrigação, fatores importantes para o crescimento das forrageiras. Portanto, a intensificação da produção de forragem dessas áreas, usando pastagens, pode ser uma estratégia para melhorar a eficiência da atividade leiteira.

O COAST-CROSS

E uma gramínea que apresenta boas características para pastejo, com elevada produção de matéria seca, alto valor nutritivo e boa capacidade de suporte, o que significa mais animal e mais leite por área. Por essa razão, e recomendada para alimentar vacas em lactação, até mesmo aquelas que apresentam potencial para produção de leite entre 4.500 a 6.000 kg/lactação.

LOCAL DE PLANTIO

Deve ser em solos férteis, profundos, em áreas com pouca inclinação, ou várzeas que não estejam sujeitas a encharcamentos contínuos. Antes do plantio, fazer a análise de solo; caso seja necessário, aplicar o calcário.

ÉPOCA DE PLANTIO

O plantio do coast-cross, feito por mudas que se desidratam com muita facilidade, deve ser realizado no verão em dias chuvosos, em sulcos com espaçamento de 50 cm. Havendo possibilidade de irrigação, o plantio pode ser feito em período seco. Por ocasião do plantio, fazer adubação química de acordo com a análise de solo adicionando fonte de fósforo no sulco de plantio. Em solos com baixo teor desse elemento, distribuir a lanço 100 kg/ha de P2O5, o que equivale a 500 kg/ha de superfosfato simples.

PASTEJO

Na tecnologia desenvolvida pela Embrapa Gado de Leite, utilizando o pastejo rotativo de coast-cross com vacas holandesas com potencial para produzirem 5.000 a 6.000 kg/lactação, o seguinte manejo foi utilizado:


• pastejo rotativo corn subdivisão dos piquetes por meio de cerca elétrica (conforme indicado na Figura 1);
• adubação de manutenção do pasto com 360 kg de N (1.800 quilos de sulfato de amônia ou similar), 80 kg de P205 (400 quilos de superfosfato simples) e 270 kg de K20 (450 quilos de cloreto de potássio), distribuídos em dez aplicações ao longo do ano;
• irrigação da pastagem estrategicamente no período das aguas, com o objetivo de incorporar os nutrientes do adubo e, na época da seca, sempre que for necessário;
• fornecimento de 3 kg de concentrado por vaca/dia, mais sal mineral e agua a vontade, para vacas com potencial médio de produção de leite de 5.000 a 6.000 kg/lactação;
• concentrado com 23,5% de proteína bruta e 80% de energia (NDT) na matéria seca, composto de fubá de milho (48%), farelo de soja (35%), farelo de trigo (15%), calcário calcitico (1%) e mistura mineral (1%) - pesquisas mais recentes, que levaram em consideração o valor nutritivo do pasto, indicam que esse concentrado pode conter 18% de proteína bruta e 80% de NDT na matéria seca; e
• com esse manejo foi possível obter, no período das aguas, 5 vacas/ha, com peso vivo médio em torno de 570 kg.

CONSIDERACOES FINAIS

Pelos resultados obtidos na Embrapa Gado de Leite, pode-se concluir que a produção de leite a pasto, utilizando-se o coast-cross irrigado, adubado com NPK, em pastejo rotativo e suplementado diariamente com 3 kg de concentrado por vaca, é viável para produção de 17 kg de leite/vaca/dia ou 84 kg de leite/ha/dia.