Técnica de produção - Pastagens

Plantas daninhas: controle

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Joaquim Rezende Pereira e Wilson da Silva
Embrapa Gado de Leite

As plantas daninhas se constituem num dos principais fatores responsáveis pela baixa produtividade das pastagens brasileiras. Tanto estas plantas invasoras quanto as forrageiras requerem, para seu desenvolvimento, água, luz e nutrientes e geralmente se adaptam ao seu ambiente por meio de uma seleção natural. Além disso, diminuem a qualidade e a quantidade de forragem. Algumas plantas daninhas podem, ao serem consumidas, causar intoxicação ou mesmo a morte de animais.

Um grande número de plantas daninhas, incluindo árvores, ou arbustos, dicotiledôneas herbáceas, gramíneas e ciperáceas, infesta as pastagens. As árvores e os arbustos em geral são perenes, enquanto os demais tipos apresentam ciclos de vida anuais ou perenes. Qualquer planta invasora numa pastagem causa problemas e prejuízos, devido à competição por espaço, luz e nutrientes dessas plantas com as forrageiras; portanto, precisam ser combatidas. Embora as plantas herbáceas sejam mais comuns numa pastagem, os arbustos e subarbustos se constituem no principal problema. Como exemplo de plantas arbustivas ou subarbustivas encontradas nas nossas pastagens, temos: assa-peixe, guanxumas diversas, jurubeba, alecrim, fruta-de-lobo, leiteira, erva-de-rato, urtiga, mata-pasto, unha-de-gato, barbatimão, esporão-de-galo, mexerico, ruão etc.

As dicotiledôneas herbáceas se constituem num sério problema em pastagens, pois a maioria não é palatável ou contém espinhos, o que faz com que os animais evitem essas plantas, as quais tendem a aumentar em número se não forem controladas. Como exemplo dessas plantas, temos: diversos cipós, malícia, barbasco, joás, tento, vassouras, mentrasto, samambaia, mamona, carrapichão etc.

As gramíneas constituem o mais importante grupo de plantas daninhas herbáceas. Algumas são invasoras agressivas de baixo valor forrageiro e são perenes. As mais comuns e de difícil controle são: rabo-de-burro, amargoso, grama-batatais, capim-capeta, capim-oferecido, pé-de-galinha, grama-de-burro, sapé, capim-navalhão etc.

As ciperáceas são comuns em várzeas úmidas, sujeitas a encharcamento, sendo difícil o seu controle. Como exemplo temos diversas espécies: tiririca, navalha-de-macaco, junquinho, tiriricão etc.

MÉTODOS DE CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS

O objetivo principal do controle de plantas daninhas em pastagens é a manipulação seletiva da vegetação, com a finalidade de evitar a concorrência destas plantas com as forrageiras. A erradicação de muitas espécies torna-se, algumas vezes, extremamente difícil. Pensando-se em bom manejo da pastagem, é preferível tentar controlar o aparecimento ou aumento de tais plantas.

Os métodos químico (herbicidas) e mecânico têm sido os mais utilizados, dependendo dos tipos e da densidade de plantas a serem controladas. Também a roçagem e o "arranquio" das invasoras têm sido praticados. A queima, apesar de ser bastante questionada, é muito utilizada. Em alguns países, usa-se o controle biológico, pelo qual são utilizados caprinos e ovinos, que são capazes de realizar o controle de muitas plantas de folhas largas, devido aos seus hábitos de pastejo e preferência por determinadas plantas.

O controle mecânico de arbustos mediante o emprego de correntes e grades pesadas tem dado bons resultados em terrenos planos ou levemente ondulados. O complemento desse método deve ser feito arando o terreno seguido do plantio de uma gramínea promissora. O uso de herbicidas combinado com o método mecânico torna mais eficiente o controle de plantas daninhas arbustivas. Contudo, o uso de herbicidas precisa ser racional, ajustando- se às necessidades específicas da pastagem, levando-se em conta as espécies de plantas daninhas a serem controladas, calibração do jato aspersor do pulverizador, o uso de dosagens recomendadas, evitar a aplicação em períodos de estiagem, nebulosidade, excesso de chuvas, horas de calor, umidade relativa do ar inferior a 60%, ventos superiores a 10 km/h e aplicar o produto com as plantas daninhas em bom estado vegetativo. Além disso, deve-se seguir a recomendação do rótulo do produto e contar com a orientação de um técnico.

Já existem à venda no mercado diversas marcas de herbicidas, variando com o fabricante e princípio ativo. Como exemplo: Graslan (Tebuthiuron), Starane (Fluroxipir), Garlon 480 (Triclopyr), U-46 D-Fluid (2,4-D), Gramoxone 200 (Paraquat), Roundup WG (glyphosate), Tordon 2,4-D 64/240 trietanolamina (2,4-D+picIoran). Tais produtos só podem ser vendidos no comércio especializado mediante apresentação de receituário agronômico.

LEMBRE-SE

O controle de invasoras como medida para recuperar pastagens em início de degradação pode ser feito por meio de roçada, "arranquio" ou herbicida.