Rodolpho de Almeida Torres
Embrapa Gado de Leite
URÉIA NA SILAGEMA adição da uréia na ensilagem do milho e do sorgo granífero aumenta o teor de proteína bruta da silagem e apresenta a vantagem de retardar a fermentação secundária que ocorre após a abertura do silo, desta forma, prolongando o tempo de utilização pelos animais. A quantidade de uréia a ser adicionada na silagem é de 0,5%, ou seja, 5 kg de uréia em cada tonelada de silagem. A uréia deve ser distribuída uniformemente na forragem ensilada, e não colocada sobre cada camada. Os animais não precisam ser adaptados para iniciar o consumo desta silagem. A recomendação de uso da uréia na ensilagem do capim-elefante seria mais difícil e onerosa, pois seria necessário recorrer à pré-secagem da forragem, até aproximadamente 45% de matéria seca, o que envolveria máquinas especiais para recolher e repicar o material no campo.
URÉIA NO SAL MINERALA mistura da uréia ao sal mineral para os animais só apresentara algum resultado se houver disponibilidade de macega (forragem seca) nos pastos. Para preparo da mistura uréia + sal, o produtor deverá fazer adaptação dos animais conforme tabela ao lado. O consumo de sal mineral pelos animais tende a reduzir quando a proporção de uréia ultrapassa 30%. O produtor poderá utilizar a mistura com 30% de uréia, após o 21º dia até o final da seca, ou enquanto tiver macega.
Caso o produtor queira aumentar a quantidade de uréia para 40% após o 31º dia, terá de associar a esta mistura um palatabilizante (fubá, melaço, farelo de trigo etc.).
MISTURA MÚLTIPLA OU SAL PROTEINADOÉ composta de sal comum, minerais, uréia e fontes de proteína verdadeira e energia (fubá de milho, farelo de soja, algodão, amendoim, trigo etc.). Indicada para suplementação dos animais de recria e gado falhado no período seco do ano, quando as pastagens são de qualidade inferior, mas pode também ser usada no período das águas. O consumo esperado é de 200 a 300 g/animal/dia. É recomendado ao produtor vedar uma área da pastagem do meio para o final do período das chuvas, para ser utilizada pelos animais no período da seca. O ganho de peso dos animais será afetado pela qualidade e a disponibilidade de forragem para os animais.
O uso da mistura múltipla ou sal proteinado não substitui o uso da mistura uréia + fonte de enxofre quando os animais estão consumindo cana-de-açúcar. Neste caso o consumo de uréia seria insuficiente.
Pode ser adquirida no comércio ou preparada na fazenda de acordo com formulação recomendada pela Embrapa Cerrados, conforme mostrado na tabela ao lado.
OBSERVAÇÃO• Quando adicionar uréia no sal mineral ou usar sal proteinado, utilizar cochos-saleiros cobertos e com furos para saída de água, para não haver empossamento.
UREIA COM NIELAÇOAo iniciar o fornecimento da uréia, fazer um período de adaptação. Sugerem-se as seguintes misturas:
• Primeira semana (período de adaptação): 5%, ou seja, 500 gramas de uréia para 9,5 kg de melaço.
• Segunda semana (rotina): 10%, ou seja, 1 kg de uréia para 9 kg de melaço.
A uréia deve ser bem misturada com o melaço, formando uma mistura homogênea, que pode ser constatada, esfregando-se a mistura entre os dedos,sem ter a sensação de que exista "areia" no melaço. A mistura uréia mais melaço deve ser colocada em cochos de madeira, protegidos por uma coberta. Dentro desses cochos e flutuando sobre 0 melaço, deverá ser colocada uma grade de ripas de madeira, com malhas de cinco centímetros. A função da grade é obrigar os animais a lamberem o melaço e impedir a ingestão excessiva da mistura uréia mais melaço, em curto espaço de tempo. A mistura pode ser guardada por tempo indeterminado, e se for devidamente abrigada, o melaço e a uréia não se separam, nem se decompõem.
A prática do fornecimento da mistura uréia mais melaço associada a um volumoso (ex. capim-elefante picado) é indicada pois provoca uma ingestão lenta de uréia, evitando risco de intoxicação.
URÉIA NO CONCENTRADONos alimentos concentrados (grãos e tortas), usar no máximo 2%, ou seja, 2 kg de uréia mais 98 kg dos outros ingredientes.
CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DA URÉIA• Os animais devem ser gradativamente adaptados ao consumo da uréia. Não usar uréia acima das quantidades recomendadas.
• A uréia deve ser misturada homogeneamente aos alimentos, a fim de obter uma ingestão regular, e ser fornecida diariamente, sem interrupções.
• Não fornecer aos animais uréia dissolvida em água para beber, ou nos "sopões".
• Quando a uréia se constitui na principal fonte protéica, fornecer aos animais uma boa mistura mineral à vontade.
• Os sintomas de intoxicação pela uréia se caracterizam por: agitação, falta de coordenação, salivação intensa, tremores musculares, micção e defecção constantes, respiração ofegante e avançado estágio de timpanismo.
• Nos casos de intoxicação, utilizar dois litros de vinagre como antídoto, logo nos primeiros sintomas, jogando goela abaixo.
• A uréia pode causar a morte dos animais, se não for utilizada com as devidas precauções.
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