Técnica de produção - Pastagens

Aveia e Azevém

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Maurílio José Alvim
Embrapa Gado de Leite

Várias pesquisas conduzidas no Brasil mostram que as forrageiras de inverno são alternativas viáveis para amenizar a escassez de forragem no período da seca, favorecendo de forma expressiva a produção de leite nessa época do ano. Recomenda-se o plantio das forrageiras de inverno em áreas de várzea irrigáveis. Essas áreas, comumente ocupadas durante o período das chuvas pelas culturas anuais de verão (milho, sorgo, arroz e outras), permanecem ociosas no restante do ano. Portanto, como o período de crescimento das forrageiras anuais de inverno é de abril a outubro, as pastagens formadas com essas espécies não competem por área com as culturas anuais de verão. A aveia e o azevém anual, durante o período da seca, foram avaliados pela Embrapa Gado de Leite, em Coronel Pacheco, MG. Resultados desses experimentos evidenciaram o potencial forrageiro da aveia e do azevém também nas Regi6es da Zona da Mata, Vertentes e Sul do Estado de Minas Gerais.

AVEIA

A aveia preta e a aveia amarela são muito cultivadas para corte e fornecimento aos animais no cocho, podendo ser usada também sob pastejo, embora este seja menos recomendável para a aveia preta. No plantio da aveia, recomenda-se o sistema convencional de preparo do solo, ou seja, uma aração, seguida de gradagens até atingir bom destorroamento. O plantio da aveia deve ser realizado entre abril e meados de maio.

Para sementes de boa qualidade, recomenda-se a taxa de semeadura de 70 a 80 kg/ha de sementes. O plantio deve ser feito em sulcos espaçados de 20 a 30 cm e as sementes, distribuídas a uma profundidade máxima de 4 a 5 cm. A área de plantio deve ser irrigada periodicamente, por aspersão ou infiltração, dependendo das características de cada propriedade. As adubações fosfatada e potássica irão depender do resultado da análise química do solo. Entretanto, a adubação nitrogenada é muito necessária, recomendando-se a aplicação mínima de 270 kg/ha de uréia ou 500 kg/ha de sulfato de amônio, fracionados em três aplicações, sendo a primeira por volta dos 20 dias pós-plantio e as demais após os primeiro e segundo cortes. Baseando-se nos trabalhos realizados na Embrapa Gado de Leite, aos 40-50 dias pós-plantio, a aveia amarela encontra-se com cerca de 35-40 cm de altura, podendo, nessas condições, ser usada sob a forma de corte ou pastejo. Por outro lado, a aveia preta com essa idade pode atingir cerca de 50-55 cm de altura, estando em condições de ser usada sob a forma de corte. Tem-se conseguido, sob sistema de cortes, produções de 4 a 6 t de matéria seca por hectare, com teor de proteína bruta de até 25%. Quando usada sob a forma de corte, a quantidade de forragem a ser fornecida aos animais no cocho vai depender do tamanho da área plantada, do número de animais a ser tratado e do potencial de produção desses animais. Quando usada sob pastejo continuo, a capacidade de suporte da pastagem de aveia amarela, devidamente adubada e irrigada, é de aproximadamente três vacas mestiças por hectare, com produções medias de leite ao redor de 8-9 kg/vaca/dia. Com animais em crescimento, em idade de sobreano, essa pastagem, com disponibilidade de 1.500 kg/ha de matéria seca, suporta 3 UA/ha, podendo-se conseguir, nessas condições, um ganho de peso ao redor de 1,0 kg/animal/dia. Uma UA corresponde a uma vaca seca de 450 kg de peso vivo.

AZEVÉM

É semelhante a aveia quanto a produção de forragem. A aveia tem o ciclo vegetativo menor do que o do azevém, cuja produção de forragem se concentra mais tardiamente.

Considerando o tamanho reduzido das sementes, o plantio do azevém deve ser realizado superficialmente. Recomenda-se bom preparo do solo e a densidade de semeadura de 20 kg/ha de sementes de boa qualidade. As exigências nutricionais e de irrigação para o azevém são semelhantes as da aveia. Recomenda-se o plantio do azevém em sulcos rasos, com espaçamento de 20 cm, ou então em superfície, com as sementes sendo distribuídas uniformemente na área. O uso mais comum dessa gramínea é sob a forma de pastejo. Em boas condições de umidade do solo e de fertilidade, o inicio do pastejo ocorre por volta dos 55 dias pós-plantio. Sob pastejo continuo, o azevém, como dieta exclusiva, suporta 3 vacas/ha. Quando comparado com a aveia, o azevém favorece, não só a produção de leite/vaca/dia, mas, também, a produção de leite/ha, já que o período de pastejo dessa forrageira é maior. Quando se reduz o tempo diário de pastejo no azevém, as pesquisas mostram que, havendo outra fonte de alimento volumoso, o período de duas a três horas substitui o fornecimento de até 4 kg de farelo de trigo/vaca/dia. Nessas condições, a capacidade de suporte dessa pastagem aumenta para cerca de 6 vacas/ha, podendo obter com animais mestiços cerca de 9 kg de leite/vaca/dia. Com o pastejo sendo realizado durante o intervalo diurno das duas ordenhas, a capacidade de suporte dessa forrageira é de, aproximadamente, 4,5 vacas/ha e a produção de leite aumenta para cerca de 12 kg/vaca/dia. A integração entre pastagens de setaria e pastagens de azevém, com vacas mestiças tendo acesso por 2-3 horas a pastagem de azevém, resulta em produções de cerca de 12 kg de leite/vaca/dia. Nesse sistema, a taxa de lotação da pastagem de azevém foi de seis vacas/ha.