Técnica de produção - Manejo de Rebanho Leiteiro

Água: consumo

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Aloísio Torres de Campos
Embrapa Gado de Leite

INTRODUÇÃO

O Planeta Terra conta com 70% de água e somente 30% de terra. São 97,25% de água salgada e 2,75% de água doce. Entretanto, 70% da água doce do mundo está contaminada por defensivos agrícolas, assoreamentos, lixos, dejetos humanos e animais, esgotos industriais, resíduos nucleares, derramamentos de petróleo, produtos químicos e outros.

A água é um recurso escasso e finito, essencial para a vida do homem, dos animais e das plantas. Depois do oxigênio, é o nutriente essencial mais importante para os seres vivos. É o alimento de maior requisição quantitativa para o gado de Ieite. Vacas em lactação necessitam de mais água em relação a seu peso vivo do que as outras categorias de animais, pois o leite contém 87% de água. Para se ter uma idéia da real importância desse líquido, o corpo do gado adulto apresenta de 55 a 70% deste elemento, chegando essa porcentagem a 80 a 85% no animal jovem e até 90% no recém-nascido. Os animais podem perder até 100% de seu tecido adiposo (gordura) e mais de 50% de sua proteína corporal que eles sobrevivem, mas, perdendo de 10 a 12% de sua água corporal, eles morrem.

A água deve ser limpa, fresca, possuir níveis baixos de sólidos e de alcalinidade e ser isenta de compostos tóxicos. Uma concentração de 2% de sal (NaCl) na água pode ser considerada tóxica para os bovinos. Assim, uma fonte abundante de água limpa e de alta qualidade deve ser prioridade em uma propriedade rural.

A água ingerida pelos bovinos tem a função de nutrição do tecido celular e compensar as perdas ocorridas pelo leite, fezes, urina, saliva, evaporação (suor e respiração) e também para manter a homeotermia, regulando a temperatura do corpo e dos órgãos internos.

CONSUMO DE ÁGUA PELOS BOVINOS

Em clima temperado, a produção de um quilograma de alimento implica consumo de grande volume de água. Para a produção de leite, o consumo é de aproximadamente 10.000 litros de água/kg; e para carne, de 20.000 a 50.000 litros de água/kg. Esse volume total de água se baseia na necessidade para produção das pastagens e alimentos concentrados utilizados pelos bovinos, além da quantidade ingerida pelos animais. Em clima tropical, esse consumo pode dobrar. O consumo de água por vaca em lactação depende de vários fatores: estado fisiológico, produção de leite, peso corporal, raça e consumo de matéria seca. Composição da dieta, ambiente, clima e qualidade da água são outros fatores que influem no consumo. Durante os meses mais quentes, as vacas sofrem estresse pelo calor e elevação da umidade, aumentando o consumo de água, com elevação na excreção de urina e alterando a composição dos dejetos.

O hábito no consumo de água segue o de consumo de alimento: o pico de consumo coincide com o pico de consumo de matéria seca, mesmo quando o alimento é oferecido várias vezes por dia. Picos de consumo são também observados após as ordenhas, quando podem representar até 40 a 50% do consumo total diário. Normalmente, os animais preferem consumir água com temperatura entre 25 e 30°C, com tendência de diminuir o consumo quando sua temperatura está abaixo de 15°C.
As estimativas do consumo de água pelo gado leiteiro, para diferentes situações, podem ser encontradas nas Tabelas 1 e 2.




Pastagens tenras de gramíneas tropicais possibilitam às vacas leiteiras um consumo de matéria seca (MS) de 12 a 15 kg/vaca/dia, quando ingerem de 60 a 80 litros de água proveniente dessa forragem. Esse consumo involuntário pode suprir grande parte da exigência de água desses animais. Assim, nos sistemas de pastejo rotativo, a distribuição de bebedouros em cada piquete pode ser suprimida, e os bebedouros poderão ser distribuídos somente nos corredores de acesso aos piquetes e nos currais de manejo e alimentação, reduzindo significativamente o investimento nesta atividade.

RECOMENDAÇÕES

• A distribuição adequada dos bebedouros nas pastagens ou nas instalações facilita o acesso dos animais, aumenta a produção de leite e permite melhor desempenho do rebanho.

• O fluxo de água nos bebedouros deve permitir que ela seja renovada pelo menos duas vezes por dia.

• Independentemente da temperatura da água, ela deve ser pura e oferecida em quantidade suficiente para todas as categorias de animais.

• Os bebedouros, naturais ou artificiais, devem ser dimensionados para que um maior número de animais adultos possam beber água simultaneamente.