Alfafa: estabelecimento e manejo

Nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul estão concentradas as maiores bacias leiteiras do País, onde se tem observado um aumento crescente na instalação de sistemas intensivos de produção de leite. Nesses sistemas são utilizados animais de raças de maior aptidão leiteira, e que, portanto, exigem alimentos volumosos de boa qualidade. A alfafa e uma das forrageiras mais difundidas em países de clima temperado e recentemente vem sendo introduzida com sucesso em ambientes tropicais. Pode ser utilizada sob diferentes formas, tais como: forragem conservada (feno ou silagem), na forma de verde picado ou sob pastejo, obtendo-se em todos os casos excelentes resultados na produção de leite, tanto em regiões tropicais quanto em regiões temperadas.

PLANTIO E ESTABELECIMENTO

No Brasil, principalmente na Região Sul, a cultivar "Crioula" é a mais utilizada. Pesquisas realizadas na Região Sudeste mostram que os plantios realizados sob condições de irrigação, durante o inverno (período da seca), são mais eficientes para o estabelecimento da alfafa, quando comparados com os plantios realizados durante o verão. Isto ocorre em virtude da menor competição que se verifica entre a alfafa e as plantas invasoras, sendo estas menos frequentes e pouco vigorosas em temperaturas mais baixas. Antes do plantio, é necessário que se faça a inoculação das sementes de alfafa com a bactéria especifica (Rhizobium melilot i). A alfafa exige solos profundos, de fertilidade elevada, com pH entre 6,5 a 7,0. Devem ainda ser bem drenados, livres de encharcamento, mesmo que isso ocorra temporariamente. Para garantir bom estabelecimento da alfafa, e necessário ter controle eficiente de plantas invasoras, o que pode ser conseguido mediante preparo adequado do solo, associado ao uso de herbicidas pré-emergentes. A densidade de semeadura recomendada para o plantio da alfafa varia de 15-20 kg de sementes/ha. O plantio mais comum e o realizado em sulcos espaçados de 20 cm aproximadamente, podendo também ser utilizado o sistema de plantio a lanço, com ou sem incorporação das sementes ao solo, tomando-se o cuidado para que a distribuição das sementes seja uniforme. Nos dois sistemas de plantio, as sementes não devem ser enterradas a profundidade superior a 2,0 cm. Para garantir o rápido estabelecimento da alfafa, é recomendada a correção da fertilidade do solo, levando em consideração que a alfafa é uma forrageira de elevada exigência nutricional, principalmente quanto ao pH, fósforo, potássio e micronutrientes. As dosagens vão variar em função da fertilidade natural do solo. A irrigação durante a época da seca e muito importante. Os resultados de pesquisas da Embrapa Gado de Leite mostram que, sob condições de irrigação, 42% da produção anual da alfafa pode ser obtida nessa época do ano.

MANEJO

A alfafa pode ser utilizada sob corte ou pastejo, dependendo da forma que o produtor adota para alimentar seu rebanho. O momento adequado para se realizar o corte é quando ocorre o início do florescimento ou quando o desenvolvimento das brotações basais atinge 2 a 3 cm de altura. A altura do corte deve ser de 5 cm acima do nível do solo. O pastejo da alfafa deve ser rotativo, com o alfafal sendo dividido em piquetes por meio de cerca elétrica. O período de ocupação de cada piquete deve ser de um dia e o de descanso variando de 25 dias, nas ocasiões de dias mais longos e quentes do ano, a 35 dias, nas épocas de dias mais curtos e frios. A taxa de lotação é variável, em razão de fatores, como: estabelecimento da forrageira, época do ano, adubação e irrigação.

POTENCIAL FORRAGEIRO PARA PRODUCAO DE LEITE

A alfafa destaca-se não só pela produtividade, mas, principalmente, pela alta qualidade e palatabilidade da forragem produzida, sendo, portanto, alimento volumoso indicado para animais de alto potencial para produção de leite. Trabalhos de pesquisa na Zona da Mata de Minas Gerais, mostraram que essa forrageira, quando bem manejada, pode produzir até 20 t de matéria seca/ha/ ano, com um teor médio de proteína de 25%. Em outras pesquisas conduzidas na Região Sudeste, por intermédio da Embrapa Gado de Leite, obtiveram-se produções médias de 54 kg de leite/ha/dia utilizando-se vacas puras holandesas recebendo, como única fonte de alimento, pastagens de alfafa em cultivo exclusivo. Apesar do alto potencial da alfafa para produção de leite, o sucesso na sua utilização depende de uma série de fatores, que envolve desde a escolha de uma cultivar adaptada as condições de solo e clima da região até a adoção de práticas de manejo que irão garantir seu estabelecimento e persistência, aumentar a produção e melhorar a qualidade da forragem.