Técnica de produção - Melhoramento Genético Animal

Sêmen: regras básicas para a escolha

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Marcus Cordeiro Durães e Ary Ferreira de Freitas
Embrapa Gado de Leite

Existem dois aspectos básicos que devem ser levados em consideração no processo da escolha de sêmen de touros provados:

a) a comparação da classificação de um touro em relação a um outro; e

b) a magnitude das diferenças entre touros.

Atualmente, nos catálogos de touros americanos vem sendo empregada a sigla PTA, que significa capacidade prevista de transmissão. Assim, tem-se PTA para leite, gordura etc., em lugar das diferenças previstas (DP) para essas características. O significado de PTA e DP é praticamente o mesmo, apenas houve mudanças na forma de calcular as estimativas do valor genético de um animal.

Uma vez que existe sêmen de touros provados de diferentes empresas, se o criador deseja aumentar o ganho genético do seu rebanho, ele deverá adotar alguns critérios para escolha do sêmen. As regras principais são as seguintes:

a) usar sempre um grupo de touros provados. É recomendável utilizar um touro para um grupo de 15 a 20 vacas;

b) selecionar o sêmen dos touros superiores, classificados entre os dez por cento dos melhores disponíveis. Analisar as informações do catálogo Sire Summaries ou outro equivalente, como por exemplo Who's Who;

c) usar sempre sêmen de touros com mais de 70% de confiabilidade. Quanto mais alto for a confiança (veja o valor "rep". ou "rel". nos catálogos) sobre as informações do touro, mais segurança o produtor terá no uso do sêmen;

d) escolher os touros baseados nas informações de produção (leite, gordura e proteína). Verificar as informações complementares de cada touro, antes de decidir na compra. Por exemplo, as informações de tipo podem ser valiosas quando se deseja melhorar o rebanho levando-se em conta os aspectos morfológicos;

e) utilizar touros jovens ou de aventura genética como se fosse um grupo, de tal maneira que não ultrapasse 15% do total de sêmen comprado;

f) utilizar um esquema de acasalamento corretivo combinando as informações contidas no perfil linear do touro com as informações de classificação das vacas.

g) Estabelecer um valor mínimo de PTA$ (capacidade prevista de transmissão em dólares) ou informação equivalente que seja aceitável antes de fazer a compra de sêmen;

h) analisar o mercado de sêmen e verificar se existe alguma promoção.

Usualmente, a resposta à seleção é máxima quando a pressão de seleção é feita para uma única característica. À medida que se aumenta o número de características em um programa de seleção, reduz-se a resposta à seleção para uma determinada característica. Contudo, frequentemente, o criador deseja obter o melhoramento simultâneo de diversas características.

Em vários países, a avaliação de touros e vacas é feita levando-se em conta características múltiplas.

No Canadá, por exemplo, a avaliação genética é feita para cinco características de produção (Ieite, percentagem e produção de gordura, percentagem e produção de proteína), além de 29 características de conformação e cinco características auxiliares (facilidade ao parto, efeito maternal, velocidade à ordenha, vida produtiva, contagem de células somáticas). O número de características pode ser aumentado com os avanços dos procedimentos metodológicos de avaliação genética.

Diante do exposto, deve ser enfatizado que o valor da dose de sêmen é questão de marketing, disponibilidade do produto, quantidade etc. O sêmen mais caro não significa necessariamente que seja superior a de um outro touro cujo sêmen é vendido por um preço mais barato.

Seguindo as regras básicas acima descritas, o produtor de leite terá possibilidade de usufruir, no futuro, de aumento no lucro pelo maior retorno sobre o investimento realizado em sêmen.

São 30 anos de pesquisa, nos quais a Embrapa Gado de Leite contabiliza resultados capazes de quadruplicar a produtividade da pecuária leiteira nacional.